O fenômeno da sexualidade, cujo estudo é historicamente consagrado por teorias explicativas dualistas, pertence ao domínio do ser em geral. Daí, a necessidade da fundação a priori da experiência sexual enquanto possibilidade inerente à condição humana. Primeiramente, revisitamos as ciências dos séculos XIX (a obra de Krafft-Ebing e os modelos neurobiológicos da resposta sexual) e XX (a psicanálise de Freud), e, na outra ponta do espectro epistemológico do tema sexual, a literatura de Kenzaburo Oe. Então, nomeamos o capítulo V da Fenomenologia da Percepção, de Merleau-Ponty, como escrito de fundação do ser sexual. Em método fenomenológico, concebe a sexualidade como forma intencional original, ancorada pré-reflexivamente na consciência e condicionada pela intersubjetividade corporal. A concepção do ser sexual, afinal, aponta para a ligação (de significação) entre existência e sexualidade. Por fim, como evidência e via de acesso ao ser sexual, apresentamos dois quadros de aplicação da fenomenologia da sexualidade na psicopatologia.