Modelo deposicional do Membro Ipubi (Bacia do Araripe, nordeste do Brasil) a partir da caracterização faciológica, petrográfica e isotópica dos evaporitos

Abstract

As rochas evaporíticas se destacam nos estudos sedimentológicos e estratigráficos por sua associação com rochas geradoras de petróleo como rochas selantes e por seu significado paleoclimático e paleoambiental. A caracterização faciológica e petrográfica quantitativa permitiu a definição das fácies e hábitos dos evaporitos do Membro Ipubi da Bacia do Araripe, coletados em afloramentos localizados principalmente na região de Araripina, Pernambuco. Técnicas de difratometria de raios X (DRX) e microscopia eletrônica de varredura (MEV) foram utilizadas com o intuito de complementar a análise dos aspectos composicionais e texturais dos constituintes. Os sulfatos dominantes são gipsita e anidrita, localmente celestita. Foram identificadas macroscopicamente três fácies (Evaporito laminado, Evaporito maciço e Evaporito fraturado) e microscopicamente treze hábitos para os sulfatos. Dentre estes, os hábitos e as texturas primários são anidrita nodular, gipsita paliçada e chevron, estas duas últimas constituindo a textura laminada. Os demais sulfatos foram precipitados em condições pós-deposicionais rasas. As análises isotópicas de S e O nos sulfatos forneceram valores de δ34S entre +10,27‰ e +17,99‰ e δ18O entre +7,72‰ e +13,30‰, caracterizando a composição marinha da salmoura geradora dos depósitos. Os resultados obtidos indicam que os evaporitos do Membro Ipubi foram depositados em contexto subaquoso (salinas) e intrasedimentar em um sabkha costeiro.

Age of the Post-rift Sequence I from the Araripe Basin, Lower Cretaceous, NE Brazil: implications for spatio-temporal correlation

“…The depositional setting of the Ipubi Member has been interpreted as a coastal environment, susceptible to the relative sea level changes, under arid to semi-arid climatic conditions. The mineralogy, dimensions, nature and geometry of the layers indicate a depositional system similar to those of modern coastal sabkha in South Australia (Assine, 2007;Assine et al, 2014;Bobco et al, 2017;Fabin et al, 2018;Goldberg et al, 2019).…”

“…Goldberg et al, 2019) have referred to the Ipubi Member as "Ipubi Layers", arguing that its distribution in the basin is discontinuous. However, as already pointed out by Bobco et al (2017), the Brazilian Code of Stratigraphic Nomenclature establishes that "A series of small discontinuous masses of rock, with approximately the same character and stratigraphic position, within a formation, can be defined and referred to as a member" (Petri et al, 1986, p. 373, Art. B.6, § 2. o ; translated from original, in Portuguese).…”

Paleoambiente Deposicional E Origem Da Matéria Orgânica Dos Folhelhos Betuminosos Da Formação Ipubi, Porções Leste E Sudeste Da Bacia Do Araripe, Ne Do Brasil: Evidência De N-Alcanos E Isoprenoides

“…O paleoambiente deposicional da Formação Ipubi foi preteritamente discutido por alguns autores (e.g. Neumann, 1999;Assine, 2007;Assine et al, 2014;Arai, 2014;Castro et al, 2017;Bobco et al, 2017;Fabin et al, 2018;Goldberg et al, 2019;Lúcio et al, 2020). Entretanto, ainda existem divergências a respeito da contribuição (ou não) de águas marinhas durante a deposição dos mesmos.…”

“…Entretanto, ainda existem divergências a respeito da contribuição (ou não) de águas marinhas durante a deposição dos mesmos. Os argumentos estabelecidos são a presença de dinoflagelados e palinoforaminíferos, organismos exclusivamente marinhos, em amostras destes folhelhos (Arai, 2009;Arai, 2014;Goldberg et al, 2019), além de uma assinatura isotópica de enxofre (+10,27 e +17,99 ‰) e de oxigênio (+7,72 e +13,30 ‰) de origem marinha (Bobco et al, 2017) e assinaturas de 187 Os/ 188 Os (1,97±0,02) também sugestivas de condições marinhas (Lúcio et al, 2020). Por outro lado, a presença de ostracodes não marinhos Theriosynoecum ?…”

“…Especificamente na Bacia do Araripe, o estudo de Biomarcadores já foi preteritamente estudado por Castro et al (2017), mas geograficamente restrito ao setor oeste e norte da bacia enfocada, sendo a contribuição deste manuscrito apresentar novos dados, em outras regiões da Bacia do Araripe, as das porções leste e sudoeste. Não obstante pretende fomentar uma contribuição acerca do debate sobre o ambiente deposicional da Formação Ipubi e sobre a possível contribuição marinha durante a deposição desta unidade estratigráfica (Arai, 2012;Bobco et al, 2017;Goldberg et al, 2019;Lúcio et al, 2020).…”