“…E-mail: maio@fiocruz.br DOI: 10.17666/329516/2017 enfocando as conexões e a circulação de atores e ideias entre diferentes regiões do globo (Saunier, 2004;Secord, 2004), justifica-se quando se considera a importância que tem assumido, para a história das ciências contemporâneas, a revisão das leituras difusionistas, segundo as quais a ciência moderna teria sido um produto exclusivamente europeu e norte-americano, propagando-se posteriormente para o restante do mundo. 1 No âmbito da história das ciências sociais, em que pesem as assimetrias que marcaram a produção e a circulação das ideias sociológicas, expressas, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, pela crescente hegemonia dos padrões organizacionais e cognitivos das ciências sociais norte-americanas, estudos transnacionais têm chamado a atenção para as fontes heterogêneas que constituíram diferentes tradições de conhecimento, não mais concebendo-as apenas a partir de enquadramentos nacionais estanques e autorreferidos (Heilbron et al, 2008), e para as ideias e os espaços de circulação compartilhados entre cientistas sociais de diversos países, tanto ao Norte como ao Sul do globo (Rosemblatt, 2014). No Brasil, não só o papel de agências multilaterais e de tradições disciplinares estrangeiras tem sido examinado no tocante ao desenvolvimento das ciências sociais (Maio, 1997;Villas Bôas, 2006a), mas também a produção sociológica local tem sido estudada com base em molduras históricas mais amplas, que indicam as trocas ou as similitudes com ideias gestadas em cenários igualmente periféricos (Brasil Jr., 2011;Maia, 2011).…”