Mudança, lógicas institucionais e emergência de novos atores: a renaturalização da maternidade no Brasil

Abstract

Resumo A liderança mundial do Brasil quanto à proporção de nascimentos realizados por cesariana desencadeou iniciativas governamentais e respostas de grupos de mulheres que trabalham para reverter essa situação, evidenciando iniciativas para a renaturalização da maternidade. Destacam-se, nesse contexto, atores-chave para promulgação das novas práticas quanto ao parto e criação dos filhos. Com base nisso, objetivamos, nesse artigo, investigar a emergência de novos atores envolvidos no campo da maternidade, durante processos de mudança em lógicas institucionais, denominadas aqui de lógica intervencionista e lógica natural de maternidade. A partir de um levantamento documental na área da saúde e de um estudo de caso em um grupo de apoio às gestantes e mães da cidade de Maringá (PR), evidenciou-se que inconsistências percebidas entre lógicas contraditórias deram oportunidade para a emergência de novos atores que atuaram como legitimadores das mudanças, fornecendo sustentação para outras lógicas e possibilitando a sua expansão recursiva no campo.

Lógicas institucionais em estudos organizacionais: o que mostram as pesquisas nacionais?

“…Isso porque a lógica institucional predominante no ambiente organizacional influencia a ação do agente, trazendo um processo de reflexão entre o indivíduo (nível micro) e os elementos estruturais (nível macro) dos envolvidos no processo. Nesta perspectiva, as lógicas mostram as relações dinâmicas entre indivíduo e estrutura, dando suporte institucional às mudanças (Klein & Mascarenhas, 2016;Picheth & Crubellate, 2019;Lino & Aquino, 2020;Fernandes et al, 2020).…”

Can Mothers Be Heroes? Maternity and Maternal Body Work in Military Firefighters

“…This is due to the image of the hypermasculine hero firefighter, with his strong body, always fit and healthy, downgrading the status of maternal bodies in the organization. In addition, cesarean deliveries (Picheth & Crubellate, 2019) demand more time at the hospital and a longer recovery time, further distancing their bodies from the healthy hero's discursive norm.…”

“…… There's the issue of breastfeeding, which takes a year, … and we can't do that" (Josefa). This difficulty for breastfeeding at the workplace is one of the reasons of the low rate of this practice in Brazil (Picheth & Crubellate, 2019). Even with the right ensured by written rules to breastfeed their children at the Fire Department, mothers are unable to do so, as the corporation's hypermasculine environment does not favor the absence of women during working hours for this practice.…”

“…Therefore, Brazilian executives claim that motherhood is an obstacle to their careers, given the huge conflict between working long hours and caring for their children (Carvalho, Tanure, & Andrade, 2010), which leads them to choose between career and motherhood (Almeida & Mota-Santos, 2018;Ceribeli & Silva, 2017). Furthermore, data on maternity in Brazil show a high number of cesarean deliveries, and a low rate of breastfeeding (Picheth & Crubellate, 2019).…”

Propulsores da Mudança Institucional: Uma Discussão Acerca da Inovação Social, Empreendedorismo Institucional e Poder de Agência do Empreendedor Institucional

“…O EI é caracterizado pelas ações de atores intencionais e que são responsáveis por impulsionar recursos para criar novas instituições ou transformar aquelas existentes. Assim, a responsabilidade pela inovação no campo é atribuída aos empreendedores institucionais (Dimaggio, 1988), considerados como os condutores da mudança (Greenwood et al, 2002;Picheth & Crubellate, 2019). Mas quem são os empreendedores institucionais?…”