AtualizaçãoAngiografia coronária é o método padrão para avaliar a doença arterial coronária e guiar intervenções. No entanto, a angiografia por ser apenas um luminograma exibe algumas limitações: 1) a aterosclerose é uma doença da parede arterial que compromete o lúmen apenas no seu estágio mais avançado e 2) a angiografia fornece apenas uma sombra gráfica da anatomia intraluminal coronária que, na realidade, é tridimensional e extremamente complexa.Com a finalidade de superar algumas destas limitações, foram desenvolvidas novas modalidades de imagem, destacando-se, entre elas, o ultra-som intracoronário (UIC).Ao contrário da angiografia, o UIC é uma técnica tomográfica que permite o estudo in vivo, da parede vascular normal, dos componentes da placa aterosclerótica, das mudanças quantitativas e qualitativas que ocorrem no ateroma em várias circunstâncias: pós-intervenção coronária na progressão da doença e na ocorrência do fenômeno da reestenose.Além do mais, esta técnica permite excelente visibilização das hastes de aço inoxidável dos stents, relativamente pouco radioluscentes, mas intensamente ecoluscentes. O uso do UIC foi, inicialmente, por investigacão. Mais recentemente, várias instituições tem enfatizado o uso do UIC para guiar procedimentos invasivos. Nesta revisão focalizaremos o uso clínico do UIC.
Utilização do ultra-som intracoronário antes da intervenção percutâneaAntes do procedimento, o intervencionista deve decidir: 1) se existe significativo comprometimento do lúmen arterial; 2) se há características específicas orientando a seleção ou a contra-indicação de uma determinada estratégia terapêutica; 3) uma vez optado por intervir, escolher o adequado tamanho do instrumental. Pós-intervenção é imperativo determinar: se o resultado é adequado e se existe alguma complicação que possa comprometer o sucesso do procedimento ou predizer reestenose.Mensurações do lúmen -As mensurações dos diâme-tros luminais por meio do UIC (área de secção transversal (AST) e diâmetros mínimo e máximo da luz) já foram validadas in vitro 1 . Não existe perfeita correlação entre UIC e angiografia coronária quantitativa quanto ao cálculo dos diâmetros luminais 2 . Além disso, lesões angiograficamente ambíguas ou intermediárias são definidas de maneira inequívoca pelo UIC por meio da relação entre as áreas de secção transversais no local da lesão e na porção normal do vaso 2 .Características específicas das lesões -A detecção de lesões calcificadas por meio do UIC já foi validada in vitro 1 . O UIC é capaz de detectar cálcio duas vezes mais freqüentemente do que a angiografia. A sensibilidade da angiografia não excede 80%, exceto na presença de calcificação, abrangendo os quatro quadrantes (>270º de circunferência). Além disso, a angiografia exibe 10% de falso positividade 3 . A presença de cálcio, especialmente o focal, é uma determinante importante de dissecções após angioplastia 4 . O cálcio angiograficamente invisível, porém evidente por meio do UIC, é forte preditor de sucesso após aterectomia direcional 5 . Aterectomia ...