“…Juan Francisco Salazar (2004, p. 82 -tradução nossa) lembra que, enquanto o Nuevo Cine Latinoamericano e o documentário social dos anos 1970 buscavam sempre falar pelo e "retificar" a imagem tradicional do Outro (o oprimido, o trabalhador, o camponês, o "índio"), sem a sua participação na definição dos processos e dos produtos, "os cineastas indígenas falam por si" de forma "radicalmente coletiva" -"com os participantes sendo chamados para colaborar, cooperar e co-produzir os seus próprios filmes". Nesse sentido, do filme etnográfico a mídia indígena, o campo apresentado por essas formas da antropologia fílmica (France, 2000), da antropologia da mídia (Salazar, 2004) ou da comunicação intermundos (Oliveira, 2018) 11 , é o que mais próximo apresenta um enquadramento para o cinema de Vincent Carelli. Entretanto, não deixamos de salientar, na esteira de Robert Stam (2008), que muitos dos limites do filme etnográfico, invariavelmente, revelam-se em procedimentos narrativos convencionais, como o da voice "científica" over e da reconstituição de práticas culturais há muito desaparecidas -sem a circularidade de outras vozes e quase sempre presos a reificação cultural.…”