RESUMOObjetivos: aplicar um escore de gravidade em casuística de morbidade materna grave (MMG) e comparar os critérios para classificação. Métodos: estudo caso-controle como análise secundária de casuística de MMG de maternidade terciária em período de 12 meses. Nos casos identificados de MMG, aplicou-se escore específico para graduação da gravidade. Vinte casos de morbidade materna near miss (maior gravidade) foram comparados com 104 controles (menor gravidade) de outras morbidades, quanto a fatores de risco, determinantes primários e demanda assistencial. A análise incluiu o cálculo de médias e proporções, utilizando os testes estatísticos t de Student, Wilcoxon, χ 2 e estimativas de OR e IC 95%. Resultados: a maior gravidade (near miss) foi identificada em 16,1% da casuística e o antecedente de aborto foi o único fator significativamente a ela associado (OR=3,41; IC 95%=1,08-10,79). Os indicadores de complexidade de assistência foram de fato mais freqüentes no grupo de near miss, que também apresentou número menor de casos com hipertensão (30% contra 62,5%) e maior com hemorragia (35,5% contra 10,6%) como fatores determinantes primários de morbidade grave. Conclusões: a maior gravidade da morbidade materna associou-se ao antecedente de aborto e à hemorragia como causa. O escore aplicado conseguiu identificar um subgrupo de maior gravidade (near miss) e que demanda atendimento profissional e institucional mais complexo para evitar a ocorrência do óbito.
PALAVRAS-CHAVE:Complicações na gravidez; Mortalidade materna; Morbidade; Cuidados intensivos ABSTRACT Purpose: to apply a severity score to cases of severe maternal morbidity (SMM) and to compare the classification criteria. Methods: a control-case study was performed as a secondary analysis of cases of SMM in a tertiary level maternity unit for a period of 12-month. A specific score for assessing the degree of severity was applied to cases identified as SMM. Twenty cases of near miss maternal morbidity (higher severity) were compared to 104 control cases (lower severity) of other severe morbidities, regarding risk factors, primary determinants and assistance requirements. Analyses were performed with means and proportions, using Student's t, Wilcoxon and χ 2 statistical tests, and estimations of OR and 95% CI. Results: the higher severity (near miss) was identified in 16.1% of cases and the history of abortion was the only factor statistically associated with it (OR=3.41, 95% CI 1.08-10.79). In fact, the indices of assistance complexity were more frequent in the near-miss morbidity group, which also presented less hypertension (30% against 62.5%) and more hemorrhage (35.5% against 10.6%) as primary determinant factors of severe morbidity. Conclusions: the higher severity of maternal morbidity was associated with a history of abortion and with hemorrhage as a cause. The applied score was able to identify a higher severity subgroup (near miss), which needs more complex professional and institutional care in order to avoid the occurrence of death.