Necessidade de saúde insatisfeita no Brasil: uma investigação sobre a não procura de atendimento

Abstract

Neste trabalho, a necessidade de saúde insatisfeita, definida pelos autores como a situação em que o indivíduo sente necessidade, mas não procura atendimento de saúde, é estudada a partir dos dados do suplemento de saúde das rodadas de 1998, 2003 e 2008 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Constata-se que, de 1998 a 2008, a parcela da população brasileira com necessidade de saúde durante as duas semanas anteriores à pesquisa se manteve em torno de 17%, enquanto a parcela com necessidade de saúde insatisfeita caiu de 3,5% para 2,9%. Também mudou o perfil dos motivos que as pessoas escolhem para justificar não terem procurado atendimento de saúde. A porcentagem dos que alegavam falta de dinheiro se reduziu, embora ainda seja o motivo mais escolhido, aumentando as porcentagens dos que alegam limitações e falhas do sistema de saúde, como o tempo de espera e a falta de profissionais ou serviços. Baixa renda ou escolaridade, residência nas regiões mais pobres do país ou em área rural, ser negro, ser homem, ser adulto, estar ocupado, residir com outras pessoas com necessidade insatisfeita, não realizar consultas médicas há pelo menos um ano e não ter plano de saúde são, dentre outras, características que aumentam a propensão a não satisfazer a necessidade de saúde pela busca de atendimento.

Hipertensão arterial referida e utilização de medicamentos de uso contínuo no Brasil: um estudo de base populacional

“…O acesso aos serviços de saúde no Brasil sofre grande influência do local onde as pessoas residem. A chance de os indiví-duos residentes nas macrorregiões Norte, Nordeste e Centro-oeste que buscam atendimento não conseguirem obtê-lo é maior do que os que moram nas regiões Sul e Sudeste 21,22 . Da mesma forma, o acesso aos medicamentos pode ser mais restrito nessas regiões do país, tanto em razão da indisponibilidade do medicamento quanto ao menor acesso à prescrição.…”

Absence of routine medical consultation among hypertensive and/or diabetic elders: an epidemiological study based on the Brazilian National Household Survey 2008

“…The studies addressed to the use of health services by hypertensive and/or diabetic elders 11,12 , or focused on medical appointments 11,16 , are more often related to treatment, monitoring and control markers of these chronic conditions. Studies with purposes similar to ours are scarce 17 , and, yet, methodological and contextual differences are present. Because of that, the discussion of our results will be often conducted based on studies that investigated the attendance to medical appointments by the elderly.…”

“…There are signs of compromised effectiveness in the Family Health Program in primary health care in some cities from the Northeast region, resulting from many questions, like the presence of architectonic barriers to access health units, the excessive waiting time for the scheduled appointment, the disproportion between the number of users and the total of professionals available to assist them, as well as the insufficient skills of these professionals to care for AH and DM, resulting in the low use of services 12 . Data from PNAD show that Brazilians living in the Northeast, North and Center-West regions have been indicating flaws in the health system as a reason for not meeting their health needs 17 . The positive association between coverage by health plan insurances and the attendance to medical appointments was identified in other national studies 16,28 , and our results corroborate these findings.…”

The end of Brazil’s More Doctors programme?

“…Doctor shortages in primary care contribute to suboptimal health outcomes and continued health inequalities in Brazil 6. Although the acclaimed publicly funded primary care programme— Estratégia Saúde da Família— has substantially improved health outcomes and reduced inequalities in the country,78 the lack of doctors has limited its expansion in remote areas.…”