ResumoO artigo analisa o contexto histórico e as circunstâncias sociais da origem do debate sobre as desigualdades e diferenças sociais na educação no Brasil. O argumento central utilizado tem como base o pressuposto de que o debate sobre as desigualdades e diferenças sociais na educação tem origem a partir de duas dinâmicas interligadas do mundo social: a construção histórica do arcabouço institucional da educação (normas, regras e valores), e os novos processos sociais ocorridos ao longo da história brasileira, que fomentam novos fi ns e signifi cados ao fazer educacional, no qual se situa efetivamente a origem do debate analisado. Argumenta-se que, no processo histórico da consolidação do pensamento científi co dominante dos dias atuais, foram sendo liberados ingredientes para a formação do conceito de cientifi cidade, originados especialmente nas ciências da natureza e apropriados pela classe burguesa como mecanismos de distinção de classe. Tais ingredientes, como é o caso da noção de cientifi cidade, evolução e homogeneidade, traduzem a ideia de "normalidade" e "civilidade" constantes no arcabouço institucional da educação. Assim, considera-se que mesmo a institucionalização da educação, que tem como parâmetro o "modelo civilizatório" burguês europeu, mantendo-se inalterada, novos processos sociais, como é o caso das diferentes dinâmicas econômicas, sociais e culturais, delineiam novos contornos para os fi ns e signifi cações da educação, de onde nasce o debate sobre as diferenças e desigualdades sociais na educação.
Palavras-chave:Educação. Desigualdades Sociais. Diferenças Sociais.