O ambiente construído e a ocorrência de crimes: uma análise em estacionamentos de campus universitário

Abstract

Embora haja um grande número de estudos que analisam a relação entre a forma urbana e arquitetônica e a ocorrência de crimes, estudos específicos em ambientes universitários ainda são raros. Neste trabalho, são analisados dois pares de estacionamentos no campus principal da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, para verificar se a visibilidade, permeabilidade, nível de apropriação e diversidade de uso do solo podem ser fatores explicativos de uma maior ou menor ocorrência de crimes nesses locais. Eles foram escolhidos por apresentar, em cada par, quantidades semelhantes de vagas e quantidades contrastantes de crimes, sendo um estacionamento com alta e o outro com baixa ocorrência. A análise comparativa foi feita com base em levantamentos in loco, observação e elaboração de mapas. Os resultados indicam que a visibilidade e permeabilidade são efetivamente importantes para diminuir a ocorrência de crimes. Por outro lado, a quantidade de pessoas em cada local, por si só, não foi capaz de explicar as diferenças nas taxas de crimes, a não ser quando foi considerada sua distribuição ao longo do dia e a visibilidade a partir dos principais caminhos para os estacionamentos. Quanto aos usos do solo, os resultados mostraram-se contrários à crença disseminada entre arquitetos e urbanistas de que maior diversidade estaria relacionada a menor número de ocorrências criminais. As conclusões trazem elementos para fomentar os debates, planos e intervenções em campi universitários sob a lógica da segurança.

The Use of Digital Fabrication as a Support to the Production of a Spatial Orientation Model at Santa Catarina Federal University

“…O questionário apontou que os pontos dessa centralidade foram citados 173 vezes como referência de orientação dentro do campus, dos quais 65 referemse à Biblioteca Universitária (BU) e 56 ao Centro de Eventos e 52 à Reitoria, todos adjacentes à praça. Corroborando a este resultado, de acordo com Soares et al (2017), a praça da Cidadania é o local mais integrado e visível e, ainda, localizado próximo ao principal ponto de ônibus central da UFSC.…”

Relacionando padrões espaciais com fluxos e atividades de pessoas em espaços coletivos de um campus universitário

“…Esta situação encontrou paralelos na comunidade Maruim, em Natal, cujos moradores se concentravam nos espaços abertos próximos a espaços mais visíveis do assentamento, protegidos por algum anteparo (LOPES; TRIGUEIRO; DONEGAN, 2017). Por outro lado, locais com pouca visibilidade tiveram maior ocorrência de furtos em um campus universitário brasileiro (SOARES et al, 2017), uma característica espacial que facilita esconder-se facilmente, enquanto espaços mais centrais apresentaram mais fluxo de pessoas. Estudos configuracionais de caminhos e campos visuais ajudaram a definir novos caminhos na reforma de uma praça, ajudando a distribuir melhor fluxos em rotas mais curtas de visibilidade e a cortar caminhos (KARIMI, 2012).…”

Vivacidade na praça da paz em João Pessoa - PB

“…Além de espaços de movimento potencial, sistemas de permeabilidades e barreiras podem ser estudados ao configurar campos de visão, que também podem facilitar ou dificultar usos. Análises de visibilidade têm sido usadas para entender potencialidades de visões em espaços abertos analisando implicações em criminalidade (SOARES et al, 2017) e como subsídio para o projeto urbano em diversas escalas na cidade, aliado a outras ferramentas de análise da sintaxe do espaço (KARIMI, 2012).…”

“…De modo complementar, um estudo em campus universitário encontrou uma relação inversamente proporcional entre tamanhos de isovistas e criminalidade (SOARES et al, 2017). A visibilidade foi medida a partir do cálculo da área resultante da isovista, considerando como barreiras visuais construções, vegetação, muros e taludes.…”