O Home Que Virou Office: Saúde Mental No Meio Ambiente Do Trabalho E O Direito À Desconexão No Contexto De Pandemia

Abstract

As medidas de contenção tomadas por órgãos da administração pública e privada entre os anos de 2020 e 2021, em decorrência da necessidade de contenção do avanço da pandemia de Covid-19, causaram reflexos na vida social e impactos em indústrias, empresas, comércios, turismo, governos e, principalmente, no modo de desenvolvimento da organização do trabalho. Com as alterações impulsionadas por conta do isolamento social, os trabalhadores ficaram condicionados a dividir o seu próprio espaço residencial com as atividades laborais, transformando, assim, o seu espaço de descanso e desconexão em meio ambiente do trabalho. Além disso, diante das tecnologias de informação e do controle exercido pelos empregadores, os trabalhadores passaram a desenvolver suas atividades em suas redes sociais particulares e por meio de redes de comunicação próprias (WhatsApp, email e redes sociais), tornando-se hiperconectado com o ambiente de trabalho. Apesar de haver previsão legal com relação a limitação da jornada de trabalho, essa não se verifica na nova modalidade de trabalho (home office), colocando em risco a saúde mental e física do trabalhador. Desse modo, a presente pesquisa visa abordar a relação entre meio ambiente do trabalho, hiperconexão laboral e saúde mental no contexto da pandemia de COVID-19. Busca-se, dessa forma, discutir os impactos da pandemia na saúde mental dos trabalhadores devido a hiperconexão laboral. Para tanto, a pesquisa se desenvolveu pelo método hipotéticodedutivo, aliado a técnicas de pesquisas bibliográficas e documentais.

audiências por videoconferência sob o olhar dos escreventes de sala do Tribunal de Justiça de São Paulo

“…Ademais, como se verá doravante, as teleaudiências trouxeram novas atividades para tais escreventes, de modo que o aumento do serviço, associado ao cumprimento em teletrabalho, na residência, pode impactar na ampliação da carga horária de labor, no desrespeito aos períodos de folga (inobservância do direito à desconexão) e na hiper conectividade laboral. Afinal, encontrando-se no mesmo ambiente (a casa), ao trabalhador -e, aqui, também o escrevente de sala que é incumbindo de organizar as audiências por videoconferência -fica mais difícil observar com rigor os seus horários de trabalho e, para cumprir suas tarefas, comumente extrapola o limite diário de seu expediente, mantendo-se conectado por horas e horas à internet, o que, também, tende a ser prejudicial para a sua saúde mental (Santos & Padilha, 2021). É nesse contexto, inaugurado a partir do início da pandemia de COVID-19, que trouxe consigo um proclamado novo normal, que a presente pesquisa se situa: 10, 2023 DOI 10.19092/reed.v10.780 São Paulo.…”