Introdução: Não fomos ensinados a refletir sobre o que é nascer. Todo mundo sabe o que é nascer, no entanto, são poucos os que param para discutir como devemos nascer. As estatísticas revelam que se você for gestante no Brasil, existe 55% de chances de ser submetida a uma cirurgia cesariana, e se você tiver condições financeiras mais favoráveis e for usuário do sistema complementar de saúde do país, suas chances de ser submetida a este procedimento cirúrgico sobem para 88%. Não há justificativas clínicas para um percentual tão elevado dessas cirurgias, e estima-se que no Brasil, quase um milhão de mulheres são submetidas à cirurgia cesariana sem indicação obstétrica todos os anos, sendo que estas mulheres perdem a oportunidade de serem protagonistas do nascimento de seus filhos, sendo expostas a maiores riscos de morbidade e mortalidade materno-infantil. Objetivo: Conhecer e entender as significações e motivações envolvidas na escolha pelo tipo de parto domiciliar de um grupo de mulheres na cidade de Campinas. Metodologia: Essa pesquisa valeu-se da metodologia qualitativa, e foi elaborado considerando-se dois momentos de coleta de dados. Primeiramente, entrevistamos mulheres que estavam planejando viver a experiência do parto domiciliar, com objetivo de identificar os sujeitos da pesquisa e conhecer e entender as significações e motivações envolvidas na escolha pelo tipo de parto domiciliar. A segunda etapa foi pensada supondo que após viver a experiência do parto em casa, a mulher possa ter algum entendimento diferente sobre as expectativas iniciais identificadas na primeira entrevista, respondendo com aprofundamento as motivações e significações que levaram a essa escolha. Para o processo de análise de dados utilizamos a análise de conteúdo. Resultados: Participaram dessa pesquisa seis mulheres entre 26 a 36 anos, e destas, somente duas viveram a experiência do parto domiciliar e puderam participar da segunda etapa deste trabalho. Discussão e considerações finais: trabalhamos com duas matrizes temáticas, no qual foram discutidos assuntos como acesso à informação, tecnologias de comunicação, risco, relações de poder, cultura, a busca pelo natural, entre outros. O acesso à informação e ao conhecimento são essenciais na trajetória da decisão pelo tipo de parto quando consideramos mulheres que tem o desejo de viver o parto domiciliar. É por meio do conhecimento que as mulheres enfrentam o sistema imposto para embasar sua tomada de decisão, em busca de um parto humanizado e seguro. No entanto, somente o acesso a informação não determina a escolha pelo parto domiciliar, ao considerar que a sociedade pautada no risco e a legitimação do poder médico continuam mantendo as mulheres distantes da opção pelo parto em casa. Existe uma tendência crescente sobre o parto domiciliar, e as mulheres que planejam o parto em casa reconhecem que é um movimento crescente. O lar permanece como uma opção assertiva para o nascimento, trazendo grande significado e uma nova experiência para a mulher que opta por esta modalidade. Esta pesqu...