O transtorno factício das síndrome de Munchausen e síndrome de Munchausen por Procuração: uma revisão narrativa de literatura

Abstract

Objetivo: Analisar a Síndrome de Munchaunsen (SM) e a Síndrome de Munchaunsen por Procuração (SMP). Revisão bibliográfica: A SM ocorre quando o individuo produz sinais e sintomas de uma doença ou lesão causando dano ao seu corpo, sem intenção de ganho secundário. A SMP é uma forma específica de abuso infantil que retrata crianças das quais os responsáveis fabulavam histórias de doenças sobre seu filho e alimentavam as histórias criadas com falsos sinais físicos, sendo aplicada a crianças que são impostas a simular as sintomatologias empregadas pelo responsável. Considerações finais: Pacientes com estas síndromes despendem recursos e tempo das equipes de saúde em decorrência de avaliações e procedimentos não necessários. Tais síndromes podem ser associadas com iatrogênese caso o distúrbio factício não seja percebido pelos profissionais de saúde. Dessa forma, é essencial o preparo da equipe de saúde para reconhecer, gerenciar e tratar essas síndromes fazendo a correta abordagem multiprofissional de modo a oferecer os devidos cuidados ao paciente.

Síndrome de Munchausen por Procuração no cinema

“…Isso acaba por acarretar prejuízo ao seu próprio corpo, visando receber assistência médica ou hospitalar, que porventura gera longas investigações e intervenções. A síndrome, como a entendemos hoje e segundo Gonçalves et al (2021), foi descrita pela primeira vez em 1951, pelo médico inglês Richard Asher. Ele introduziu o conceito no que diz respeito à pessoa sindrômica, cujos sintomas traduzem-se em mentiras elaboradas, narrativas de vários problemas médicos com história inconsistente e comportamento alterado.…”

“…Nesse sentido, a SM pode se manifestar de maneira isolada ou concomitante a outros distúrbios psiquiátricos, tais como: esquizofrenia, depressão, transtornos de ansiedade e borderline, além de apresentar traços de personalidade antissocial. Gonçalves et al (2021) relaciona igualmente a SM à história pregressa do indivíduo, visto que nos diagnósticos incluem relatos de perdas prematuras por morte, doença ou abandono; vínculos interrompidos com outras pessoas devido negligência, abuso, institucionalização ou outros traumas; experiências reforçadoras gratificantes relacionadas ao papel de doente; e um desejo de atenção. Pode-se notar que, na infância, a pessoa considerada na vida adulta como sindrômica usava do papel de doente como um mecanismo para lidar com o estresse e reter a atenção e cuidados para si, sendo que a posteriori é observável uma regressão a este papel de pessoa cuidada que perdeu ou que não teve quando criança.…”

Síndrome de Münchausen por procuração: desafios clínicos do diagnóstico precoce

“…A Síndrome de Münchausen (SM) ocorre quando um indivíduo reproduz sinais/sintomas (S/S) 1 de uma determinada patologia, assim como lesões decorrentes da mesma (Gonçalves et al, 2021). É considerada um transtorno factício que ocorre quando o indivíduo simula, manipula e repete sintomas visando adquirir o status de enfermo.…”

“…Essa, por sua vez, pode receber um diagnóstico de abuso (APA, 2013;Sousa et al, 2017). Gonçalves et al (2021) dizem que por meio de uma patologia factícia os agressores podem causar danos psicológicos à vítima devido à multiplicação de consultas e frequentes internações sem benefício clínico. Podem também provocar sofrimentos físicos, como por exemplo, quando são realizados exames e procedimentos desnecessários.…”

Síndrome de Munchausen por procuração: uma revisão narrativa sobre a figura perpétradora

“…Meadow descreveu crianças em que as mães inventavam e falsificavam histórias de sinais de doença, sendo que o abuso resultava das falsas alegações da progenitora (Meadow, 1977(Meadow, , 1989. Neste sentido, e para clarificar a confusão em torno das terminologias SM diz respeito a portadores que falsificam ou induzem em si doença (Taskforce -APSAC, 2018), enquanto SMP compreende e abrange perpetradores que falsificam ou induzem doença em um outro, neste caso na criança (Gonçalves et al, 2021).…”