Em 2020, o mundo foi surpreendido por uma doença que demandou mudanças em vários aspectos na sociedade, inclusive na educação. As alterações na dinâmica escolar foram várias especialmente nos processos ensinar e aprender, rompendo o a dimensão de espaço físico onde comumente aconteciam as interações entre professores e alunos. Frente a essa realidade, para dar continuidade ao ensino, foi necessária a migração para um modelo de ensino remoto, que demandou uma ruptura de paradigmas. Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo analisar os discursos de licenciandos em Matemática de uma Universidade Pública Federal em relação ao uso das tecnologias digitais durante a pandemia de covid-19. Os participantes deste estudo são 25 licenciandos que estavam cursando a disciplina de Software na Educação Matemática entre o segundo semestre de 2021 e o primeiro semestre de 2022, e que expressaram suas opiniões e reflexões no mural coletivo digital Padlet. Essa ferramenta digital possibilita a interação dos participantes que, no contexto desta pesquisa, culminou com discussões sobre ensino remoto na pandemia, a qual constituirá o corpus da análise. Assim, as interações realizadas pelos licenciandos foram analisadas por meio da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), proposta por Lefèvre e Lefèvre (2005) e, a partir das análises dos registros produzidos pelos participantes, foram definidas cinco ideias centrais: Potencialidades do uso das tecnologias digitais, Condição econômica, Espaços educativos, Mudança de paradigmas e Formação inicial e continuada, que serão discutidas nesse artigo. Como resultado, os discursos dos licenciados apontam que discutir tecnologias digitais no contexto pedagógico demandam de várias problematizações que vão muito além da aquisição de equipamentos e acesso, mas que envolvem especialmente a apropriação pedagógica dos professores e, nesse sentido, questões como a formação inicial e continuada dos docentes e as desigualdades sociais na realidade brasileira se configuraram em desafio.