Óbito do paciente intensivo na recuperação pós-anestésica: uma experiência descontextualizada

Abstract

Objetivos: Identificar e caracterizar o perfil de pacientes intensivos que evoluíram a óbito durante sua permanência na recuperação pós-anestésica(RPA) e elencar as dificuldades enfrentadas pela equipe de enfermagem. Método: Trata-se de um estudo retrospectivo, tendo como fonte de informação os prontuáriose os livros de registros da RPA de cinco anos (de julho de 2012 a julho de 2017), em um hospital público do Rio Grande do Sul. Resultados: Durante operíodo estudado, 30 pacientes intensivos foram a óbito na RPA, sendo a maior parte do sexo masculino, com idade média de 50,97 anos, que permaneceramno leito, em média, por 14,8 horas, pertencentes à especialidade de neurocirurgia, sendo a causa de óbito mais frequente a parada cardiorrespiratória.Conclusão: A admissão de pacientes intensivos na RPA requer a adequação da unidade em sua estrutura física e operacional, com uma equipe adequada emnúmero e capacitação técnica para garantir uma assistência segura e humanizada aos pacientes intensivos, bem como aos demais pacientes em pós-operatório.

Perfil e tempo de permanência de pacientes intensivos assistidos na recuperação pós-anestésica

“…Tempo médio de permanência do paciente intensivo na sala de recuperação pós-anestésica (em horas), por ano (2012-2017). Tempo médio total: 10,7 horas intensivos apresentam média de horas de permanência significativamente maior do que as demais categorias, bem como maior complexidade nos cuidados necessários 4 . Assim, a admissão e a permanência de pacientes graves na SRPA causam repercussão negativa na equipe, pois o paciente intensivo, além da instabilidade das funções dos sistemas orgânicos, resultando em situações iminentes de emergência e de alerta constantes comuns aos pacientes em POI, requer, também, múltiplos procedimentos invasivos 16 , gerando alto nível de estresse da equipe que o atende na SRPA 2,4,8 .…”

“…A ocorrência de um óbito na SRPA reflete negativamente dois aspectos: primeiro, o abalo emocional dos colaboradores empenhados com a vida, podendo gerar neles sentimentos de fracasso 19,20 e, segundo, em questões técnico-operacionais. Procedimentos como preparo do corpo, preenchimento de impressos, transferência para local adequado e localização da família para comunicação do ocorrido demandam tempo da equipe, que deixa de assistir os demais pacientes em POI 4 .…”

“…Contudo a SRPA tem sido utilizada, na atualidade, como retaguarda da unidade de terapia intensiva (UTI), para assistência a pacientes intensivos após a realização de procedimentos cirúrgicos, em virtude da alta demanda de pacientes críticos inversamente proporcional à oferta de leitos de terapia intensiva. Outros setores hospitalares assumem esse cuidado, enquanto aguardam a liberação de leito na UTI, fazendo com que sejam horas ou até dias de permanência nessa unidade 4 .…”

“…Levando em consideração que o cuidado de enfermagem deve ser precedido de planejamento, conhecer o perfil e o tempo de permanência do paciente intensivo na SRPA mostra-se de suma importância, no intuito de compreender a oferta e a demanda, preparando o setor em relação tanto aos recursos físicos e materiais necessários quanto em força de trabalho, de modo que inclua em seu quadro de colaboradores enfermeiros especialistas em UTI, a fim de garantir a qualidade da assistência aos pacientes, enquanto aguardam liberação de leito na UTI 4,6 .…”

Indicador de qualidade: taxa de mortalidade intraoperatória e pós-operatória

“…Os dados supracitados divergem do estudo atual, haja vista que as maiores taxas encontradas foram em cirurgias gerais (50%) e nas neurocirurgias (20,37%). Nesse sentido, uma pesquisa em um hospital público de grande porte do Rio Grande do Sul, em 2017, apresentou dados semelhantes aos encontrados aqui, em que a causa de óbitos mais frequente foi a neurocirurgia (44,3%), seguida da cirurgia geral (33,3%) 17 .…”