InTRODUÇÃOO primeiro relato de trauma pancreático foi descrito por Travers, em 1827, e desde então séries de artigos vêm sendo publicadas abordando esse tema. A lesão pancreática é pouco freqüente após traumas abdominais fechados ou penetrantes, e tem sido relatada entre 0,2% e 12% dos traumas abdominais fechados graves e entre 5% e 7% dos traumas penetrantes. A maioria das lesões pancreáticas ocorre em homens jovens e está associada com alta incidência de lesões a órgãos adjacentes e estruturas vasculares importantes 5 . Em relação às feridas abdominais, o mecanismo da lesão é dependente do agente da agressão, arma branca ou projétil de arma de fogo. Os objetos contundentes produzem o trauma diretamente no órgão, tendo como porta de entrada o abdômen superior. Quanto aos traumatismos resultantes por projétil de arma de fogo, a lesão pode ser conseqüente ao impacto direto, ou provocada por ondas de choque. Ainda em relação às feridas por arma de fogo, a lesão resultante é dependente do calibre da arma, da
ABCDDV/517Fonseca-Neto OCL, Anunciação CEC, Miranda AL. Estudo da morbimortalidade em pacientes com trauma pancreático. ABCD Arq Bras Cir Dig 2007; 20(1):8-11. RESUMO -Racional -A lesão pancreática é pouco freqüente após traumas abdominais fechados ou penetrantes, e tem sido relatada entre 0,2 a 12% dos traumas abdominais fechados graves e em cinco a 7% dos traumas penetrantes. A maioria das lesões pancreáticas ocorre em homens jovens e está associada a alta incidência de lesões a órgãos adjacentes e estruturas vasculares importantes. Objetivo -Avaliar a morbimortalidade dos pacientes com trauma pancreático, o manuseio aplicado a esses pacientes e sua evolução. velocidade do projétil e se o mesmo foi desviado antes de atingir o alvo. Os traumatismos abdominais abertos são responsáveis por dois terços dos traumatismos do pâncreas 3 . Nas contusões abdominais o mecanismo mais comum que produz lesão, resulta da compressão do corpo pancreático contra o corpo vertebral produzindo fratura do órgão, associado à lesão duodenal ou não. Outro mecanismo que pode levar ao trauma pancreático é a desaceleração súbita na região periampular podendo levar à desinserção dos elementos vasculares, do colédoco e da própria cabeça de pâncreas 8 . Dentre as várias classificações existentes para graduar a lesão pancreática, a mais comumente utilizada é a da Associação Americana para a Cirurgia do Trauma (AAST) . Ela freqüentemente é usada porque enfoca tanto a localização anatômica e a extensão da lesão, quanto à condição do ducto pancreático. A graduação adequada utilizando as definições da AAST ajuda a determinar o tratamento a ser realizado de acordo com o grau da lesão 4 . O tratamento do trauma pancreático varia desde estratégias não cirúrgicas até ressecções cirúrgicas amplas ou mesmo controle de danos, dependendo da gravidade e do local da lesão