RESUMO -Há poucos relatos na literatura do padrão ictal na epilepsia parcial benigna da Infância com pontas Centrotemporais (EPCT). Esse trabalho descreve o caso de um menino, de 7 anos, sem antecedentes de sofrimento neonatal ou distúrbio do desenvolvimento neuropsicomotor, com de história familiar de epilepsia. A ressonância magnética do encéfalo foi normal. O paciente apresentou uma única crise durante sono, seguida de breve déficit motor membro superior esquerdo. O EEG dois dias após a crise evidenciou atividade de base normal com pontas centro-temporais bilaterais, e duas descargas subclínicas de pontaonda rítmicas, de duração superior a 50 segundos em região centro-temporal direita. Este padrão de descarga rítmica não foi descrito na EPCT anteriormente. PALAVRAS-CHAVE: epilepsia parcial benigna, crise, eletrencefalografia, espículas centrotemporais.Ictal electroencephalographic subclinical pattern in a case of benign partial epilepsy with centrotemporal spikes ABSTRACT -There are few reports of the ictal pattern of benign partial epilepsy with centrotemporal Spikes (BECTS) in the literature. This paper describes the case of a 7-year-old boy without significant perinatal history or psychomotor development delay. There was positive family history of seizures. Magnetic resonance imaging scans of the head was normal. The patient had a nocturnal isolated seizure, followed by a postictal motor deficit at the left arm. The EEG two days after the seizure showed a normal background activity with spikes in the centrotemporal bilateral area, and two subclinicals rhythmic discharges of spike and wave, with a duration of more than 50 seconds in the right centrotemporal area. This pattern of rhythmic discharge wasn not described in BECTS before.KEY WORDS: benign partial epilepsy, seizure, electroencephalography, centrotemporal spikes.A epilepsia benigna da infância com pontas centro-temporais (EPCT) tem como manifestação típica crises parciais motoras hemifaciais, que podem se propagar ao membro superior ipsilateral ou raramente ao inferior. As crises hemiclônicas são mais freqüentes em crianças entre 2 a 5 anos, podendo durar até mais de 60 minutos, situação em que podem ser seguidas por déficit ipsilateral transitório, o qual geralmente não inclui a face. Apesar da grande freqüência das EPCT, um levantamento bibliográfico feito em banco de dados Medline e Lilacs a partir de 1970, evidenciou dez trabalhos descrevendo o padrão ictal na epilepsia rolândica [1][2][3][4][5][6][7][8][9][10] , e quatro publicações em que EPCT se manifestou como status epilepticus [11][12][13][14] . Dessas publicações, algumas descrevem em detalhe o padrão ictal. Os relatos de Silva et al. 9 e Gutierrez et al. 5 foram de crises eletrográficas, e Dalla Bernardina et al. 4 uma descrição de uma crise eletroclínica, não havendo diferença do padrão ictal entre elas. Os relatos das crises rolândicas 2,4,5,9 descrevem início da descarga ictal por um ritmo beta de baixa amplitude, seguido de gradual aumento de amplitude e redução na freqüên-cia, que ...