IntroduçãoOs estudos acerca das relações entre internet e debate público têm se voltado para as discussões que permeiam as redes sociais digitais, como é o caso do Facebook. Abre-se espaço tanto para os próprios políticos obterem canais diretos com seus eleitores quanto para os meios de comunicação tradicionais, que passam a criar suas próprias páginas, oferecendo conteúdo informativo por meio delas, mas também suscitando o debate com as ferramentas interativas, como é o caso dos comentários analisados neste artigo.A literatura tem indicado um aumento considerável de estudos sobre política e internet, especialmente em relação ao estudo das redes sociais, a partir de 2006, com maior empenho no desenvolvimento de pesquisas empíricas. Este trabalho, 4 por sua vez, endossa 1 É professora adjunta do curso de Jornalismo na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). E-mail: . 2 É doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR). E-mail: . 3 É professora substituta do Departamento Acadêmico de Comunicação e Linguagens (DALIC) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFPR. E-mail: . 4 Este artigo é um dos resultados de um projeto de pesquisa desenvolvido no âmbito do grupo de pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP), da UFPR. Faz-se aqui agradecimento aos pesquisadores vinculados ao grupo, pelo esforço no processo de coleta e pela categorização dos dados. As autoras também agradecem aos pareceristas pelos comentários ao texto.Michele Goulart Massuchin, Isabele Batista Mitozo e Fernanda Cavassana de Carvalho 296 essa subárea e procura estudar o debate suscitado entre os webleitores da página do jornal O Estado de S. Paulo, a partir do momento em que esse tipo de veículo adentra as redes sociais. A participação que, anteriormente, ocorria apenas por meio do espaço Carta dos Leitores, agora ganha destaque por meio das ferramentas on-line.O objetivo deste artigo é apresentar uma investigação acerca de como os webleitores se comportaram ao comentarem os posts sobre as eleições presidenciais de 2014 difundidos pela página d'O Estado de S. Paulo, nomeada Estadão, no Facebook. 5 Por meio da análise de conteúdo quantitativa, este estudo terá como foco as seguintes variá-veis: a) postura do comentador, conforme classificação de Dahlberg (2001); e b) reflexividade, seguindo o que teoriza Jensen (2003). Tais variáveis serão, ainda, cruzadas com a citação de cada candidato.O corpus da pesquisa é constituído pelos comentários que os webleitores postaram na referida página do Facebook durante o período eleitoral de 2014, no Brasil, entre 1º de julho e 31 de outubro de 2014. Trabalhou-se com 112.114 comentários feitos em um total de 429 postagens. 6 Este artigo tem como ponto de partida as seguintes hipóteses: a) os participantes tendem a dialogar me...