O objetivo deste trabalho foi destacar os esforços da comunidade científica brasileira, para se adequar à mudança do conceito de status moral de seres não humanos ocorrida sobretudo no século XX. A doutrina cartesiana que justificou, no século XVII, o uso indiscriminado de animais para as necessidades humanas, inclusive para experimentos científicos, foi confrontada por novas abordagens que definiram os animais como seres sencientes e autônomos, merecedores de consideração e dignos de respeito. Atualmente, aceita-se amplamente que o respeito aos animais é necessário. Embora nossa legislação nacional sobre experimentação animal não expresse de maneira satisfatória este conceito de status moral, ele está na presente da comunidade científica, por meio de esforços e práticas que visam a substituição dos modelos animais in vivo por técnicas baseadas em modelos in vitro e in silico. Quando a substituição completa não for possível, deve-se reduzir ao mínimo o número de animais para uso em experimentos e seu sofrimento deve ser abrandado, de acordo com o princípio dos 3Rs – dos termos em inglês reduction, refinement and replacement – que significam redução, refinamento e substituição.