No Brasil, já há muito tempo a maioria das masculinidades é impactada pela figura da “bicha”, homens gays que não se adequam ao padrão dominante. Em contraposição, está o gay normatizado, aquele que nega a bicha. Há um sentimento simbólico de pertença que limita comportamentos e lugares com base em interpretações conservadoras religiosas e sociais, que regula e controla os corpos, às vezes perpetuando desigualdades em pessoas que não se enquadram na norma heterossexual, como é o caso da “bicha preta pentecostal”. As religiões, inclusive a pentecostal, referendam a heterossexualidade e a branquidade como elementos que garantem uma existência no centro, indicando a margem como o lugar adequado para gays afeminados, viados, bichas e, também, para os/as pretos/as pentecostais. A ideia de sua existência é rejeitada pela maioria religiosa. A ferramenta da interseccionalidade (CRENSHAW, 2002) ajuda a questionar o eixo rígido da equação homem/branco/hétero, que é o padrão do sistema patriarcal e que destrói subjetividades fora da norma. O objetivo é questionar a existência da "Bicha Preta Pentecostal" em igrejas inclusivas, através de um olhar interseccional a esse "combo" de opressões e subalternidades. A Intercessionalidade ajuda a destacar as fissuras e marcas dessas pessoas que estão à margem da sociedade e que insistem em persistir em seus espaços. Neste texto, entrevistas resgatam a vivência de bichas pretas pentecostais da Igreja Nova Esperança de São Paulo para trazer luz à construção de um “lugar” para esta parcela da população brasileira.