Resumo O cuidado em saúde mental no Brasil vem mudando ao longo da história, instituindo novas práticas, formando a Rede de Atenção Psicossocial, afirmando o protagonismo dos usuários na produção do cuidado, seus direitos sociais e sua cidadania. Dentre os profissionais envolvidos nessas mudanças, estão os terapeutas ocupacionais. Esta pesquisa qualitativa teve como objetivo compreender a atuação desses profissionais na RAPS do estado da Paraíba, Brasil. Foram entrevistadas 13 terapeutas ocupacionais utilizando um questionário semiestruturado, aplicado de forma remota. Essas profissionais são, em sua maioria, mulheres, com experiência profissional e interesse pelo trabalho em saúde mental e atuam em Centros de Atenção Psicossocial I. Foi evidenciado um baixo número de profissionais nos serviços do estado, apenas 17 em uma rede de 124 serviços. Quanto às ações desenvolvidas, elencaram: atendimentos individualizados, acolhimento/triagem, grupos, Projetos Terapêuticos Singulares, participação em reuniões de equipe, manejo de crise e a realização de oficinas. A precarização das condições de trabalho foi percebida, em especial, pela insuficiência dos recursos para a realização das intervenções. Somente eventualmente elas se sentem apoiadas pelas entidades representativas (conselho de classe, sindicato e associação profissional estadual). Os coordenadores dos serviços compreendem a atuação profissional, mas são os usuários quem mais a valorizam, seguidos pelos familiares, equipes e coordenadores do serviço. Essa valorização e reconhecimento pelos principais agentes envolvidos na produção da vida comunitária demonstra que as terapeutas ocupacionais são parte integrante e atuante nesse processo de acolhimento, convivência e inclusão das pessoas vulnerabilizadas e fragilizadas diante de sua condição de sofrimento mental.