Percepções de jovens em conflito com a lei privados de liberdade: educação e socialização

Abstract

A pesquisa objetivou compreender as percepções juvenis acerca do significado da experiência socioeducativa de internação, medida privativa de liberdade, que se propõe a ser educativa e socializadora. Com a metodologia da história oral biográfica coletou-se sete entrevistas livres como fontes primárias. Os resultados apontaram característica acerca do perfil dos jovens - defasagem escolar, ingresso precoce no mercado de trabalho, baixa renda, desagregação familiar e rescendência infracional - e exprimiram cinco categorias que problematizam a experiência da internação - violência sofrida, identidade infratora, perspectivas e planos dos jovens, código de ética, significado da internação. A discussão, realizada mediante a análise de conteúdo, constatou percepções negativas referentes à socioeducação e educação na internação associada à perda de tempo e prevalência do caráter punitivo em detrimento do educativo, já que o disciplinamento coercitivo promovia clima pouco amistoso sob a tônica da violência e a educação era negligenciada e relegada plano inferior de importância.

A PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA DA SOCIOEDUCAÇÃO NO BRASIL: conquistas e desafios atuais

“…Os resultados mostraram características específicas e coletivas, acerca do perfil dos adolescentes, como defasagem escolar, ingresso precoce no mercado de trabalho, baixa renda, desagregação familiar e reincidência infracional. Além disso, as cinco categorias estabelecidas pelos autores, problematizaram a experiência da internação-violência sofrida e a identidade infratora, compreendendo ainda, as perspectivas e planos dos adolescentes, a conduta ética e o significado da internação (Fialho & Vasconcelos, 2019).…”

“…O processo socioeducativo caracterizado na prática pelo autoritarismo e violação de direitos de um modo geral, não desenvolve uma sociabilidade mais compatível com a cidadania democrática, reforçando a marginalização e a identidade infratora dos jovens, fragilizando as relações interpessoais e prejudicando a escolarização. Ainda, enseja o sentimento de revolta e insatisfação, que fomenta o egocentrismo e não propicia condições reais de mudança de comportamento (Fialho & Vasconcelos, 2019).…”

“…Ainda se apresentam dificuldades na total e plena execução dos direitos e das medidas socioeducativas, por questões Estatais e governamentais, em que se prega uma desresponsabilização do Estado nas questões sociais e de saúde, o que acarreta, uma falta de recursos e investimentos, além de qualidade de atenção e de trabalho, para que uma ação socioeducativa interdisciplinar e intersetorial possa acontecer, visando a garantia e proteção social dos adolescentes. No contexto social, enquanto estrutura de papeis, classes e conceitos moralizantes, é possível encontrar discursos e correntes conservadoras, que pregam uma efetividade no castigo e na punição, de forma errônea, de modo que, o adolescente que não trabalha (e falta acesso ao mercado trabalho), é tachado como "delinquente", dentro do "mercado" de "capital humano", dando à adolescência um único destino, em que permeia a exclusão social (Souza & Bezerra, 2017;Fialho & Vasconcelos, 2019).…”

“…O trabalho de maneira integrada, contribui para que a garantia, a proteção e a execução dos direitos do adolescente, em cumprimento de medidas socioeducativas seja efetiva. E mais além, para que o ato infracional seja prevenido, e para que haja um processo de promoção de saúde, qualidade de vida e bem-estar(Fialho & Vasconcelos, 2019).Trabalhando de maneira integrada a rede e as políticas públicas, favorecem a efetividade e a constância na garantia, proteção e execução dos direitos básicos, bem como no cumprimento eficaz das medidas socioeducativas, assim como na articulação em favor da vida e de uma cultura de paz. Uma rede integrada e que funcione bem é essencial para a execução das medidas e serviços, além de fortalecer vínculos entre os sujeitos, as famílias e a comunidade, buscando ofertar possibilidades de reintegração, reinserção e inserção social do adolescente, na busca de perspectivas de vida para além das violências e violações sofridas, de modo que mudanças positivas e produtivas possam realmente acontecerevitando também as reincidências.3.3 O assistente social como integrante da equipe interdisciplinar no atendimento socioeducativoBonalume e Jacinto (2017) propõem uma reflexão teórica sobre a dimensões socioeducativas do trabalho do assistente social no âmbito do judiciário, face as requisições institucionais postadas ao serviço social nesse espaço sócio-ocupacional.…”

História da educação de Água Doce, Maranhão

“…Então, esse termo que veio, que trazia a palmatória, um pouco da falta de consciência, sabedoria da educação, porque você coloca seu filho [na escola] para aprender e não para apanhar [...]". Porquanto, ela entende que os castigos físicos estão associados à falta de preparo dos docentes, bem como à falta de entendimento dos pais, que deveriam compreender que a escola é lugar privilegiado para o desenvolvimento da aprendizagem e não para castigos físicos (Fialho, 2015(Fialho, , 2016(Fialho, , 2019.…”