Comunicação
[Communication]Anticorpos contra vírus do grupo da língua azul em caprinos e ovinos do sertão de Pernambuco e inferências sobre sua epidemiologia em regiões semiáridas [Antibodies against bluetongue-virus Os resultados mostraram prevalência de rebanhos soropositivos de 24,4% e 27,5% para os caprinos e ovinos, respectivamente. Isto indica que há circulação de um vírus deste grupo na região, pois o antígeno empregado é grupoespecífico e não permite a diferenciação entre anticorpos induzidos pela infecção causada pelo vírus da doença hemorrágica epizoótica (VEHD) e entre os diferentes sorotipos do VLA.As prevalências de animais soropositivos foram baixas nas duas mesorregiões estudadas, com 3,9% para caprinos e 4,3% para ovinos, sem que fossem observadas diferenças significativas entre as espécies. As prevalências observadas são próximas às relatadas em ovinos no estado da Paraíba (Alves et al., 2009) (Melo et al., 2000); assim, é provável que as espécies citadas também possam ser encontradas no sertão, pois a dispersão de Culicoides pode ocorrer a distâncias superiores a 700km (Mellor et al., 2000) e, nesse caso, somada à ajuda dos ventos, que, em Pernambuco, deslocam-se do litoral para o sertão.A observação das principais variáveis climáticas, que interferem na dinâmica da população e competência de Culicoides nos municípios estudados, mostrou que a temperatura sofreu pequenas variações (mínimas de 18,2°C a 21,3°C e máximas de 29,9°C a 34,5°C) nos diferentes meses do ano, e que a precipitação pluviométrica variou significativamente, de forma a definir claramente um período chuvoso (44mm a 613mm) e outro seco (7mm a 28mm). Dessa forma, embora não tenham sido realizados estudos entomológicos, é possível inferir que a precipitação pluviométrica seja o principal fator responsável pela dinâmica da população dos vetores nesta região (Mellor et al., 2000). Apesar da ocorrência de períodos secos no semiárido, os quais poderiam limitar a reprodução dos Culicoides, existem microclimas no sertão que apresentam reservas importantes de água e ambientes mais úmidos, os quais serviriam como sítios para reprodução e manutenção de insetos adultos durante todo o ano, mantendo-os para repovoamento das áreas mais secas por dispersão por meio dos ventos. Dentre os microambientes propícios para a reprodução dos Culicoides, há de se considerar ambientes ricos em matéria orgânica, sobretudo aqueles próximos às instalações dos animais. Merece destaque o fato de que, nas criações da região estudada, a higienização das instalações não é feita com frequência (Alencar et al., 2010), levando ao acúmulo de esterco, que é considerado um substrato ideal para reprodução de certas espécies de Culicoides (Alves et al., 2009).A partir das condições parcialmente favoráveis à manutenção do vetor no semiárido, o vírus seria mantido por meio do ciclo clássico ruminanteinseto-ruminante, destacadamente nas espécies que apresentam viremia mais prolongada e em alto título, como bovinos (MacLachlan et al., 1991) e caprinos ((Koumbati et al., 19...