A conformação atual do sistema alimentar mundial tem promovido padrões de produção e consumo cada vez mais padronizados, colocando em risco a soberania dos povos. Diante deste cenário, a Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA), movimento pautado na agricultura de base ecológica, surgiu para contribuir com a garantia da Soberania e da Segurança Alimentar e Nutricional, melhorar os hábitos alimentares dos consumidores e fortalecer a agricultura local. Este artigo analisa o olhar de agricultores familiares e consumidores de feiras agroecológicas em uma capital no Nordeste brasileiro sobre a CSA. O estudo qualitativo realizou entrevistas semiestruturadas nas feiras agroecológicas junto a sete agricultores familiares e dez consumidores. Os resultados mostraram a vulnerabilidade social e financeira dos agricultores familiares, que enxergam na CSA uma oportunidade de segurança e renda. Os consumidores que apresentaram melhor status econômico têm perspectivas relacionadas a interesses de saúde, justiça social e solidariedade. Agricultores e consumidores desconheciam o movimento da CSA, e, mesmo aqueles que afirmaram conhecê-lo, não souberam descrevê-lo adequadamente. Após esclarecido, todos afirmaram o interesse em participar de uma CSA. Foram destacados como possíveis dificuldades a serem enfrentadas em um modelo de CSA o acompanhamento do processo de produção dos alimentos, o diálogo entre os atores envolvidos e o risco de perder dinheiro. Conclui-se que a CSA tem espaço para crescimento em Sergipe, tanto pelos agricultores quanto pelos consumidores.