Este trabalho se insere na área de Educação, com foco em letramento acadêmico e se alinha aos pressupostos epistemológicos sancionados pelos Novos Estudos do Letramento, que o concebem como fenômeno que se dá nas práticas sociais da escrita, influenciadas pelas crenças, valores e cultura do indivíduo ou grupos sociais em que se inserem. O objetivo maior deste artigo foi analisar, da perspectiva discursiva de Gee (1998, 2004, 2005, 2015), um dos precursores dos Novos Estudos do Letramento, a relação que discentes do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, de uma universidade federal do sul de Minas Gerais entretecem com a escrita. A intenção maior foi a de se conhecer alguns dos motivos que levam muitos docentes desse curso a afirmar que os graduandos dessa instituição, de modo geral, ‘escrevem muito mal’. Os dados foram coletados nas declarações de dois discentes, em que se analisou essa relação a partir dos Discursos ali refletidos. Um dos instrumentos metodológicos utilizados para a geração dos dados foi a entrevista semiestruturada (Gil, 2008), em que se solicitou aos graduandos que rememorassem suas histórias de leitura desde a infância até as histórias atuais, pois propiciariam ao pesquisador compreender melhor a relação que estabelecem com as práticas de escrita valorizadas no contexto acadêmico. Seria deveras importante também, se observar se a universidade procura orientá-los a produzir os textos que ali circulam. Os dados revelam que os alunos têm dificuldades em executar as atividades escriturais demandadas pela academia e que esta, por sua vez, não tem um olhar atento no sentido de expor esses alunos aos textos aí valorizados, o que pode ser interpretado como sendo falta de um plano geral de promoção de letramento em todas as áreas de conhecimento de seu alunado.