As pesquisas nos/dos/com os cotidianos se desenvolvem simultaneamente ao desenvolvimento da própria metodologia desse modo de pesquisar. Isso porque, para recuperar a importância das práticas microbianas, singulares e plurais, dos praticantes da vida cotidiana (Certeau, 1994) é necessário vivenciar esse processo de (re)invenção do ato de pesquisar. Parece cada vez mais fundamental ir-se à vida cotidiana, ao que acontece e ao que estão vivendo as pessoas para se pensar políticas sociais. Definir juventude, o que ela é, como é possível pensá-la e abordá-la são questões centrais para o debate a respeito dos modos como a sociedade pode e deve desenvolver políticas apropriadas às necessidades e anseios desse heterogêneo grupo social. A crescente consciência sobre a insuficiência dos métodos de pesquisa associados ao cientificismo positivista – voltados para as generalizações e definição de modelos – para a compreensão da complexa dinâmica que envolve a vida cotidiana associa-se à convicção de que o desenvolvimento epistemológico da noção de cotidiano é indissociável daquele das metodologias das pesquisas que nele, com ele e sobre ele se desenvolvem. O texto traz uma reflexão teórico-epistemológico-metodológica sobre o tema, entendendo que um dos principais desafios a ser enfrentado pelo campo sociológico dos chamados estudos do cotidiano – seja para pensar a juventude, a escola, ou outras questões – é a coerência interna entre essas diferentes, mas indissociáveis, dimensões.