A alteração postural (AP) é uma complicação frequente da doença de Parkinson (DP). Casos de maior comprometimento clínico, representados pela síndrome da cabeça caída (dropped head), pela camptocormia e pela síndrome de Pisa, são exemplos de posturas anormais graves que podem acometer os pacientes portadores da DP. A prevalência destes sintomas na DP varia de 3 a 18%, de acordo com os estudos realizados 1,2 .A alteração postural compromete a mobilidade dos pacientes parkinsonianos ao interferir com a qualidade da marcha e do equilíbrio. A AP dificulta as atividades da vida diária, provoca constrangimento e stigma social, além da frequente associação com dor de difícil controle clínico. Estas manifestações provocam indubitável impacto negativo sobre a qualidade de vida do paciente portador da DP 2 .A camptocormia se caracteriza por marcada flexão da coluna vertebral toracolombar (ângulo≥45 graus), aparece na postura ereta, piora durante a marcha e na prá-tica de exercícios físicos, desaparece na posição sentada e no decúbito dorsal. Na síndrome de Pisa ocorre flexão lateral do tronco maior do que 10 graus, podendo ser corrigida com a mobilização passiva. A síndrome da cabeça caída se caracteriza por flexão exagerada e grave do pescoço, com mínimo aumento da curvatura torácica e lombar. Pode resultar da fraqueza da musculatura extensora do pescoço ou do aumento do tônus da musculatura flexora. Ocorre raramente na DP, sendo mais frequentemente observada na atrofia de múltiplos sistemas 1 .A AP na doença de Parkinson é considerada um sinal de comprometimento extrapiramidal porque pode aparecer em pacientes não tratados e mesmo antes do diagnóstico clínico da DP 3 . A hipótese da AP ser sintoma próprio da DP se apoia nas evidências clínicas de associação do sintoma com diversos fatores clínicos de gravidade e da evolução da DP: maior intensidade da rigidez axial, presença de demência, distúrbios autonômicos, estágio avançado de Hoehn & Yahr, dose diária elevada de levodopa, flutuações motoras frequentes, maior duração da doença e idade avançada do paciente 2 . A fisiopatologia da AP permanece desconhecida e as teorias sobre sua origem estão atualmente sedimentadas no campo exploratório da neurociência. Mecanismos periféricos e centrais tem sido propostos para explicar sua ocorrência. Assim, a patogênese da AP na DP pode ser atribuída a quatro situações: 1. Parte da evolução clínica e progressão da DP; 2. Uma forma de distonia associada com a DP; 3. Causada por miopatia paraespinhal decorrente da fisiopatologia da DP ou concomitante à DP; 4. Associada ao uso de medicamentos antiparkinsonianos 2 . Evidências clínicas favorecem a primeira possibilidade etiológica: a AP ocorre com a progressão da DP e em pacientes sem nenhuma evidência histopatológica e neurofisiológica de miopatia paraespinhal; relatos de casos de reversão da AP com uso de levodopa; e a melhora após a estimulação cerebral profunda do núcleo subtalâmico ou do globo pálido interno para tratamento da DP 1,2 . A distonia pode ocorrer em qualquer parte do co...