Após 10 anos da política de cotas das universidades federais, a literatura ainda carece de pesquisas sobre a inserção dos egressos cotistas e não cotistas no mercado de trabalho. Diante desse problema, o objetivo do artigo foi comparar os ganhos no mercado de trabalho entre egressos cotistas e não cotistas dos cursos de graduação das universidades federais brasileiras. Para tanto, aplicamos um questionário eletrônico, que foi respondido por uma expressiva amostra de 11.458 egressos, de 248 cursos de graduação, de todas as áreas do conhecimento, de 18 universidades federais e das cinco regiões do Brasil. Por meio do Teste de Qui-Quadrado, comparamos o status de ocupação, o motivo de não trabalhar, o setor de atuação, o tipo de cargo/emprego, a remuneração, o porte da empresa/organização e a ocupação de cargos de chefia ou de direção entre os egressos. Os resultados sugerem que egressos cotistas obtêm altas taxas de ocupação, com uma boa inserção no mercado de trabalho, trabalhando em cargos/empregos ditos mais qualificados, em empresas/organizações de grande porte e recebendo boas remunerações. Porém, os resultados sugerem que, em geral, os ganhos ocupacionais e salariais de egressos cotistas ainda são inferiores aos de egressos não cotistas. Logo, nossos resultados sugerem que a política de cotas das universidades federais é uma importante ferramenta de inclusão socioeconômica dos estudantes cotistas, justificando sua existência, mas que ela, por si só, ainda não completamente elimina a forte desigualdade social entre as famílias brasileiras, que parece afetar diferentemente os ganhos dos profissionais no mercado de trabalho.