O tema escolhido para o IX Simpósio de Educação e VI Encontro
Internacional de Políticas Públicas, promovido pelo Centro Universitário Municipal de
Franca (UNIFACEF) e pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) campus de
Franca, “Sem deixar ninguém para trás: a educação no contexto da Agenda 2030”
não foi aleatório. Com os trabalhos apresentados e as conferências e palestras
proferidas, pode-se compreender a proposta da Agenda, como os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) e suas diferentes metas a serem planejadas e
cumpridas, tanto na esfera da vida social, quanto ambiental e educacional.
Os trabalhos apresentados neste livro trazem um pouco de cada uma das
vertentes propostas e as pesquisas que estão sendo realizadas com o intuito de
apresentar o que as universidades estão produzindo em termos no sentido de se
conhecer o alcance da Agenda 2030 no Brasil, mais especificamente em Franca e
região.
Assim, o primeiro trabalho aqui publicado, A adoção de um ambiente de
desenvolvimento em nuvem para aulas de programação de computadores: um relato
de experiência, trata de uma das questões mais urgentes surgidas com a pandemia
de COVID-19, o acesso à rede mundial de computadores. Sabemos das dificuldades
que muitas escolas e professores enfrentaram para ministrarem suas aulas remotas
sem terem como se conectarem a programas e softwares, mesmo que gratuitos.
Assim como o capítulo anterior, o segundo trabalho Aplicação da educação
híbrida no contexto pós-pandêmico: reflexões sobre as metodologias ativas de
ensino e os modelos de ensino híbrido, igualmente, aborda a questão do uso das
tecnologias de comunicação e informação em contexto pandêmico, especialmente
em relação às metodologias ativas e ao ensino híbrido, que, de acordo com os
pesquisadores, promove um ensino-aprendizagem com mais conectividade,
flexibilidade, mobilidade e autonomia para os estudantes.
O terceiro capítulo Capitalismo digital e o uso da gamificação no ensino de
línguas do Duolingo, continua a discutir os ODS, visando à aplicabilidade das
tecnologias digitais em sala de aula, no caso, por meio do Duolingo, um aplicativo de
uma empresa privada, que promete oferecer o ensino de várias línguas por meio da
gamificação, fator que demonstra, o grande alcance das indústrias de TI, e a
ausência do Estado, no controle do conteúdo oferecido.
O capítulo seguinte, Educação e direitos humanos: propostas para uma
pedagogia crítica pensada a partir de bell hooks e Paulo Freire, busca, por meio do
diálogo entre os dois grandes educadores, identificar a possibilidade da educação
em direitos humanos fundada em perspectivas transformadoras da realidade dos
sujeitos participantes do processo de ensino-aprendizagem. Acredita que a
educação crítica em direitos humanos sugere a participação cidadã como elemento
útil à afirmação da autonomia e da possibilidade de (re) invenção dos direitos
humanos.
Experiências de formação inicial docente e científica no contexto extensionista
da Rede de Apoio aos Professores de Línguas Estrangeiras (RAPLE) retrata a
experiência de um dos autores como participante deste projeto de extensão. O texto
evidencia que os cursos de licenciatura em Letras, muitas vezes, ensinam somente
conhecimentos linguístico-comunicativos, subtraindo as competências didáticas e
pedagógicas, daí a importância da RAPLE, visto que é um espaço que articula a
teoria e a prática, no ensino de línguas estrangeiras.
Em Educação antirracista: curso de formação aos educadores da rede
municipal de Franca SP, “História da África e Afro-brasileira na Perspectiva da Lei nº
10.639/03” mostra como a aplicabilidade desta Lei está sendo trabalhada no
município de Franca, na formação continuada de diretores, orientadores
pedagógicos, assistentes sociais, e psicólogos. Como resultado do curso, formou-se
uma comissão junto a secretaria municipal de educação para dar continuidade ao
estudo desta temática na rede de ensino francana.
Dando continuidade ao tema do capítulo que o antecede, Estudos e práticas
nas relações étnico raciais educacional, na perspectiva da lei nº 10.639/03:
experiências na cidade de Franca-SP, analisa duas escolas estaduais na cidade de
Franca-SP, uma na região central e outra na região periférica, para compreender as
práticas que estão sendo realizadas com a temática étnico-racial, na perspectiva da
Lei Nº 10.639/2003. Para tanto, realizou-se entrevistas com docentes, discentes e
roda de conversa com estudantes, que possibilitaram compreender o racismo
sistêmico e observar a importância da formação continuada de professores e
gestores na implementação da Lei 10.639/03. Como resultado, mesmo sendo
escolas situadas num mesmo município, uma delas pratica ações antirracistas, e
outra, não, concluindo que a aprendizagem ao longo da vida é um dos ODS que
mais precisam de preparo e formação de professores e alunos.
Nas carteiras escolas, como o aluno negro é visto? levantamento e análise de
estudos empíricos, é o penúltimo capítulo desta obra, e demonstra, a partir de
pesquisas empíricas e qualitativas a forte presença da violência racial nas escolas
brasileiras e em todos sistema de ensino, desde a educação infantil até o ensino
superior, mesmo passados 20 anos da implementação da Lei 10.639/03.
Encerramos com o trabalho A exclusão da inclusão: uma análise da disciplina
normativa que regulou o Professor de Apoio à Comunicação, Linguagem e
Tecnologias Assistivas na rede estadual de ensino de Minas Gerais, que aborda a
política de provimento funcional deste posto laboral, considerando os meios
escolhidos pela administração pública mineira para selecionar servidores efetivos ou
agentes públicos contratados temporários para o exercício da função. Comparandose com a legislação federal percebeu-se que a disciplina normativa que rege o
contrato deste profissional privilegia servidores temporários em vínculos laborais
precários ao lado de professores excedentes em desvio de função, em detrimento
do efetivo provimento dos cargos por meio de concurso público destinado à
Educação Especial.
Como vimos o estudo e a observação da aplicabilidade ou não dos ODS
perpassam todos as pesquisas publicadas nesta obra. Esperamos que a leitura das
mesmas sirva de reflexão e análise do desenvolvimento da Agenda 2030 da ONU,
no Brasil