IntroduçãoSer professor na educação superior federal e atuar no interior da Amazônia pode desencadear variadas vivências afetivas, muitas vezes contraditórias, visto a relação que se dá do contexto macroeconômico neoliberal, que exige uma atuação intensificada e produtivista, com os modos de vida e cultura das pequenas cidades amazônicas, que apresentam uma realidade temporal e espacial próprias e distintas.As reformas e reestruturação produtiva advindas das diretrizes do neoliberalismo, pautado na acumulação flexível do capital tem influenciado diretamente a educação superior no Brasil, envolvendo os trabalhadores docentes ao viés mercantilista e à lógica do capital. Nesta realidade, os trabalhadores precisam atender as exigências do mercado, enfrentar as pressões oriundas da organização, além de serem submetido à cobrança por vasta produção acadêmica (Fleury & Macedo, 2013;Vasconcelos, 2017). Assim, a precarização do trabalho é uma dimensão constituinte do capitalismo, que, pelo processo de exploração, tem como objetivo o acúmulo do capital (Kuenzer, 2021).Em contrapartida, se pensar a cultura e os modos de vida na Amazônia apontam para uma singularidade socioespacial. Oliveira (2006) define as cidades amazônicas, em especial as pequenas cidades, como locais de realidades e culturas próprias, que possuem diferente dinamicidade e ritmo. São articulações pretéritas caracterizadas pela inércia dos tempos lentos, e, ao mesmo tempo, articuladas às dinamicidades contemporâneas dos tempos rápidos que as ligam ao mundo.