InTRODUÇÃODiversos estudos têm sido publicados com o intuito de identificar, ainda no período pré-operatório, fatores de óbito após ressecções hepáticas 2,4,7,8,12,13 . Porém, publicações objetivando a identificação precoce no período pós-operatório de pacientes que apresentarão evolução desfavorável são escassos 3,11 .Desde as primeiras séries de ressecções hepáticas até a década de 60, não eram raros índices de mortalidade ultrapassando 30% 9 . A seguir, houve redução da mortalidade para cerca de 10% até os anos 80 27 . Entretanto, foi nas últimas duas décadas que houve os mais importantes avanços na cirurgia hepática, decorrentes de inúmeras inovações em diversas áreas da medicina, e que permitiram alcançar redução importante do risco das ressecções hepáticas. Atualmente, a taxa de mortalidade operatória após hepatectomia é menor do que 5% em centros especializados em cirurgia hepatobiliar.Diversos fatores têm sido considerados contributivos para obtenção destes resultados, especialmente o melhor entendimento da anatomia hepática e o aprimoramento
ABCDDV/516Balzan SMP, Gama-Rodrigues J, Belghiti J. Mortalidade após ressecção hepática: determinação de um fator de risco pós-operatório precoce e eficaz. ABCD Arq Bras Cir Dig 2007;20(1):1-7. RESUMO -Racional -A definição de insuficiência hepática pós-operatória não é ainda padronizada, dificultando a comparação de inovações em procedimentos hepáticos e tornando complexo o uso de intervenções terapêuticas pós-operatórias. Objetivo -Avaliar a utilidade e acurácia do critério diagnóstico de insuficiência hepática pós hepatectomia utilizando o tempo de protrombina e bilirrubina sérica como preditores da mortalidade. Métodos -Foram estudadas 775 hepatectomias eletivas. O fígado não-tumoral foi anormal em 43% dos casos: esteatose >30% em 107 (14%), fibrose em 237 (43%) e cirrose em 94 (12%). Foi analisado o impacto sobre a mortalidade da ocorrência de tempo de protrombina menor que 50% e bilirrubina total sérica maior que 50 μmol/L (critério 50-50) nos dias pós-operatórios 1, 3, 5 e 7. Resultados -A cinética pós-operatória do tempo de protrombina e da bilirrubina sérica foram distintas. O menor nível de tempo de protrombina foi no 1º dia do pós-operatório e o pico de bilirrubina sérica foi no 3º. A tendência ao retorno para valores pré-operatórios destes dois fatores bioquímicos se firmou claramente no 5º dia. A mortalidade operatória global foi de 3,4% (26 pacientes), incluindo 21 (81%) casos com parênquima não tumoral anormal e 20 (77%) após uma hepatectomia maior. O índice de mortalidade foi maior em pacientes com tempo de protrombina <50% ou bilirrubina sérica >50 μmol/L no pós-operatório. A conjunção de tempo de protrombina < 50% e bilirrubina sérica > 50 μmol/L no 5º dia foi fator preditivo de mortalide, a qual atingiu 59% quando esta associação ocorreu. Conclusão -A partir do 5º dia de pós-operatório, a associação de tempo de protrombina < 50% e bilirrubina sérica > 50 μml/L (3 mg/dL) (critério 50-50) foi preditor prático e acurado de mortalidade após hepatecto...