Objetivo: Analisar o impacto da pandemia de covid-19 nas dimensões da síndrome de burnout- esgotamento emocional (EE), despersonalização (DP) e baixa realização pessoal com o trabalho (RP) - entre farmacêuticos hospitalares (FH) no Brasil. A pesquisa compara dados de 2011 e 2022, explorando a associação entre perfil sócio organizacional, meio laboral com essas dimensões de burnout. Método: Conduzido em formato transversal analítico, o estudo selecionou FH associados à Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar. Foram coletados dados via questionário, abordando perfis sócio organizacionais, bem como a escala de Maslach burnout. Análises estatísticas, como frequência, teste quiquadrado e validação alfa de Cronbach, foram empregadas para examinar as associações entre variáveis e dimensões de burnout. Resultados: Participaram 174 FH em 2011 e 237 em 2022. Ambos os períodos revelaram vínculos entre “satisfação com o trabalho” e “remuneração” com as dimensões EE, DP e RP, antes e depois da pandemia. O estudo de 2022 ainda destacou a falta de estímulo à capacitação como associada às dimensões de burnout. Horas de trabalho mantiveram associações em ambos os estudos, exceto RP na pesquisa mais recente. Variáveis como tipo de contrato e perfil do ambiente de trabalho não apresentaram relações significantes. Escolaridade não se correlacionou com as dimensões na pesquisa mais recente, enquanto o número de filhos associou-se à DP em 2022, em comparação com associações à EE e DP no estudo anterior. Estado civil e gênero mostraram ligação com a RP em ambos os estudos, enquanto a idade se relacionou com a DP no estudo de 2011 e apenas com DP no estudo mais recente.A prevalência de burnout entre FH aumentou após a pandemia, com 68,8% manifestando a síndrome em 2022, em comparação com 44,0% em 2011.Conclusão: Houve impacto da pandemia de covid-19 na saúde dos farmacêuticos hospitalares. A relação entre satisfação no trabalho, remuneração e horas de trabalho com as dimensões de burnout destaca a necessidade de políticas e práticas organizacionais voltadas para o bem-estar desses profissionais. O aumento significativo da prevalência de burnout após a pandemia destaca a importância de estratégias de suporte à saúde mental e ocupacional dos FH, exigindo discussões e ações tanto nas instituições de saúde quanto nos âmbitos governamentais e profissionais.