ResumoA autora apresenta uma revisão da literatura mais recente a respeito das vacinas polissacarídicas contra o pneumococo, enfatizando as controvérsias a respeito da eficácia vacinal em diferentes grupos de risco e as dificuldades para o desenvolvimento de novas vacinas conjugadas com maior imunogenicidade e capacidade de estimular a produção de anticorpos em lactentes.
J. Pediatr. (Rio). 1994; 70(2):75-81: vacina antipneumocó-cica, Streptococcus pneumoniae, imunização.
AbstractThe author presents a review about the protective efficacy of polyvalent pneumococcal polysaccharide vaccines in different groups at high risk for severe pneumococcal infection and the difficulties in the development of a conjugate pneumococcal vaccine capable of offering protection to younger children. O pneumococo (Streptococcus pneumoniae) é o microrganismo mais freqüentemente identificado em pneumonias de etiologia bacteriana e otite média aguda e é a 3 a causa mais freqüente de meningite bacteriana. É um diplococo gram-positivo encontrado freqüentemente no trato respiratório superior que só causa doença quando consegue crescer e se multiplicar fora das células fagocitárias, pois, uma vez fagocitado, é rapidamente destruído por macrófagos e neutrófilos.
J. Pediatr. (RioMuitos pneumococos são revestidos por uma cápsula polissacarídica que impede ou retarda a fagocitose e somente as cepas encapsuladas são patogênicas para o homem. A virulência dos pneumococos é maior nas cepas totalmente encapsuladas, e o uso de antisoros contra os antígenos polissacarídicos da cápsula permite, atualmente, a identificação de 84 sorotipos de S. pneumoniae. 1,2,3,4,5 A fagocitose dos pneumococos é facilitada quando essas bactérias são opsonizadas e a opsonização adequada dos pneumococos requer a ativação do complemento, que pode se dar tanto pela via clássica como pela via alternativa, através da properdina. A recuperação das doenças pneumocócicas depende da produção de anticorpos que agem como opsoninas, aumentando a fagocitose e determinando a morte das bactérias.A maior parte das infecções graves por pneumococos é observada em crianças com menos de dois anos de idade, em indivíduos com asplenia anatômica ou funcional, em idosos ou imunodeprimidos. Pacientes com doenças cardíacas ou pulmonares crônicas, diabetes mellitus e cirrose, embora geralmente imunocompetentes, também apresentam maior risco 1,6,7,8,9 .Os indivíduos com anemia falciforme têm episódios repetitivos de vaso oclusão e infarto, que determinam a chamada "auto esplenectomia", ou asplenia funcional. Esse problema determina um aumento da suscetibilidade às infecções, especialmente por S. pneumoniae e H. influenzae, pois o baço exerce importante papel tanto na produção de anticorpos contra esses germes, como na retirada dos mesmos da circulação sanguínea. O problema da produção de anticorpos é mais freqüentemente identificado em crianças com menos de 5 anos, pois, com o aumento da idade e a maior exposição às bactérias, o fígado passa a suprir essa função. No entanto, o papel de retirar as...