Este trabalho apresenta um primeiro panorama da explotação de diamantes da região de Franca. Mediante fotoanálise, sobrevôo e trabalhos de campo, foram cadastradas 428 marcas de garimpo, 55 das quais visitadas. Os garimpos se distribuem em aluviões e terraços ao longo dos rios Sapucaizinho, Santa Bárbara e das Canoas. Estima-se uma produção anual da ordem de 1.000 ct, dos quais 70 a 80% de gemas, com tamanhos predominantemente menores que 35 pontos. Os teores, estimados através de informações de garimpeiros, oscilam entre 0,02 e 0,18 ct/m3, comparáveis com outras regiões diamantíferas do mesmo tipo. A atividade garimpeira envolve problemas de ordem legal, ambiental e humana, que carecem de equacionamento mais adequado.
ABSTRACTThis paper presents an organized set of information concerning the diamantiferous region of Franca (State of São Paulo). The interpretation of aerial photographs, observations from helicopter surveys and field work allowed recognition of 428 indicators of diamond presence; 55 of those have been confirmed. Most of them are scaUered along the terraces and alluvial plains of the Sapucaizinho, Santa Barbara and Canoas rivers. An annual production of some 1,000 ct is estimated, mostly (70-80%) small gems smaller than 35 points. Grades are presumed to vary from 0.02 to 0.18 ct/m3, comparable to currently available values for this kind of placer. Many legal, environmental and human problems related to diamond prospection and exploitation in the area remain to be solved.
INTRODUÇÃODiamantes são conhecidos e garimpados na região francana desde meados do século XIX e, embora este seja o segundo pólo produtor mais antigo do Brasil, poucas referências são feitas ao mesmo na literatura. Aquelas que se relacionam às características, proveniência e produção do diamante são escassas, precárias e procedem, em geral, de relatos verbais.De modo a levantar a situação geológica, mineira e econômica do diamante francano, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (lPT), atendendo à solicitação do Programa de Desenvolvimento de Recursos Minerais (PRÓ-MINÉRIO) da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, realizou um diagnóstico preliminar que buscou consubstanciar de modo ordenado e integrado o panorama diamantário da área (IPT, 1990). Este trabalho apresenta os resultados dessa pesquisa, no que diz respeito à atividade garimpeira.
ARCABOUÇO GEOLÓGICOA região onde se verifica atividade garimpeira é abrangida por unidades fanerozóicas da Bacia do Paraná e, em menor extensão, por rochas do embasamento pré-cambriano. Sobre essas rochas colocam-se depósitos sedimentares inconsolidados eluviais, coluviais e aluviais, sendo estes últimos os mais importantes em termos diamantíferos.