INTRODUÇÃOO papel que o Estado deve desempenhar na economia é um debate antigo que, ao longo da história, tem dividido a opinião de intelectuais que se posicionam entre um extremo e outro, isto é, ora em defesa do livre mercado, ora apontando para a importância da intervenção e regulação do mercado pelas estruturas estatais. Essa divisão de posicionamento também tem tangenciado a trajetória dos países, ditando de algum modo o rumo da história global, tendo demonstrado que, empiricamente, nenhum dos modelos teóricos é capaz de responder sozinho e adequadamente a realidades cada vez mais complexas e difusas.Em tempos recentes, experimentou-se um avanço no processo de liberalização econômica, acelerada pelos efeitos provocados pelo desenvolvimento tecnológico, nos transportes, nas comunicações, tornando o fluxo de pessoas e mercadorias mais intensos e as economias mais interdependentes (Keohane; Nye, 1998). Nesse contexto, revigorou-se o debate em torno do escopo de atuação do Estado em um cenário de perda relativa de poder frente às fronteiras cada vez mais permeáveis. David Held (1991:158) dá destaque a esse processo.No contexto de uma ordem global altamente interconectada, muitas atividades e responsabilidades tradicionais do Estado (como a defesa, a administração da economia, as comunicações, os sistemas administrativos e legais) não podem ser realizadas ou assumidas sem o concurso da colaboração internacional. À medida que as demandas apresentadas ao poder público cresceram nos anos de pós-guerra, o Estado viu-se