RESUMOIntrodução: O acidente vascular cerebral é uma das principais causas de mortalidade e morbilidade em todo o mundo, associando-se a considerável incapacidade funcional. Atualmente sabe-se que tanto técnicas de neuroimagem como determinados biomarcadores fornecem informações úteis acerca da etiologia, decisão terapêutica, follow-up e prognóstico em doentes com acidente vascular cerebral isquémico. Assiste-se, porém, a um interesse particular na previsão do prognóstico vital em detrimento do prognóstico funcional. Antecipar o prognóstico funcional permitiria definir um programa de reabilitação adequado, objetivo e individualizado, com uma alocação de recursos mais eficiente. O presente trabalho tem como objetivo rever o conhecimento atual acerca do papel da neuroimagem e dos biomarcadores sanguíneos em fase aguda na previsão da recuperação funcional dos doentes que sobrevivem a um acidente vascular cerebral isquémico. Material e Métodos: Revisão da literatura publicada entre 2005 e 2015, em língua inglesa, utilizando os termos "ischemic stroke", "neuroimaging" e "blood biomarkers".
Resultados:Foram selecionados nove artigos com base na leitura dos resumos. Discussão: Técnicas de neuroimagem como a tomografia computorizada, a ecografia doppler transcraniana, a angiografia cerebral e a imagem de difusão por ressonância magnética apresentam potencial preditivo do prognóstico funcional do acidente vascular cerebral, nomeadamente através da avaliação do fluxo sanguíneo e do volume e localização da lesão, sobretudo quando usados em associação com a National Institutes of Health Stroke Scale. Vários biomarcadores têm sido estudados como potenciais marcadores de diagnóstico, estratificação de risco e previsão de prognóstico no acidente vascular cerebral, em particular a S100 calcium binding protein B, a proteína C-reativa, as metaloproteinases de matriz e o peptídeo natriurético cerebral. Conclusão: Apesar de alguns biomarcadores e técnicas de neuroimagem revelarem capacidade preditiva, nenhum dos estudos com estas metodologias, isoladamente ou em associação, é capaz de sustentar a validação de um potencial modelo clínico preditivo de funcionalidade, revelando-se assim insuficientes na determinação precisa, nas primeiras horas após o acidente vascular cerebral, do prognóstico funcional aos três meses. Considera-se que são necessários mais estudos nesta área para o seu esclarecimento. Palavras-chave: Acidente Vascular Cerebral; Biomarcadores/sangue; Neuroimagem; Prognóstico; Recuperação Funcional.
ABSTRACT Introduction:Stroke remains one of the leading causes of morbidity and mortality around the world and it is associated with an important long-term functional disability. Some neuroimaging resources and certain peripheral blood or cerebrospinal fluid proteins can give important information about etiology, therapeutic approach, follow-up and functional prognosis in acute ischemic stroke patients. However, among the scientific community, there is currently more interest in the stroke vital prognosis over the functional...