RESUMOObjetivo: Verificar se há diferença entre a porcentagem de acertos em onset e coda de sílaba dos fonemas /s/ e /R/ em crianças de 2:1 a 3:0 anos de idade. Métodos: Participaram da pesquisa 88 crianças em desenvolvimento fonológico típico: GI: 41 crianças de 2:1 a 2:6 anos e GII: 47 crianças de 2:7 a 3:0 anos. Todas frequentavam creche pública e não apresentavam queixa de problema de linguagem, mais de três ocorrências de otite média e nem eram bilíngues. A coleta de dados foi realizada por três provas de fonologia: nomeação, imitação e fala espontânea. Resultados: Quanto à comparação do /s/, houve diferença apenas no GII na prova de nomeação em sílaba final (p=0,038), com melhor desempenho em coda que em onset. Embora não tenha havido diferença estatística nas demais provas e sílabas analisadas, as crianças dos dois grupos apresentaram melhor desempenho em onset que em coda, com exceção das crianças do GI na imitação em sílaba final e na nomeação em sílaba inicial. Em relação ao /R/, em todas as comparações de sílaba final as crianças dos dois grupos tiveram média estatisticamente maior em onset que em coda. Na sílaba medial, as crianças tiveram melhor desempenho em onset, porém, não houve diferença significante (p=0,205). Conclusão: de forma geral, notou-se que não houve diferença entre o /s/ em onset e coda silábica. Porém, quanto ao /R/, houve diferença entre as duas posições na sílaba, sendo que em onset as crianças dos dois grupos tiveram mais acertos.Descritores: Linguagem infantil; Desenvolvimento infantil; Desenvolvimento da linguagem; Testes de articulação da fala; Medida da produção da fala; Fonética
INTRODUÇÃONo Português Brasileiro, 16 consoantes podem ocupar a posição de onset silábico, ou seja, no início da sílaba no início da palavra e, 19 em onset silábico dentro da palavra. Em coda silábica, isto é, no final da sílaba, apenas as consoantes /S/, /R/, /l/ e /N/ ocupam esta posição. Mesmo assim, há algumas restrições para estas consoantes.O /l/ em final de sílaba tende a uma vocalização, levando-o ao /u/, como na oposição entre "mal" e "mau", tornando-os homônimos (1)(2) . Este fato ocorre na maioria das regiões brasileiras. Porém, no sul do Brasil, o /l/ é considerado como consoante final, pois se observa a interrupção do fluxo do ar na cavidade oral pelo levantamento da ponta da língua junto aos dentes.No que se refere à consoante final /N/, pode-se considerar que haja nasalização da vogal anterior, gerando 12 vogais possíveis no português, sendo sete orais e cinco nasais (2) ou, que as vogais nasais do português consistem na junção de uma vogal oral com o arquifonema /N/. Assim, apenas de sete vogais é constituído o sistema fonético do português (1) . Durante a aquisição fonológica, as crianças cometem alguns erros envolvendo os fonemas. À medida que a idade aumenta, os erros diminuem e as crianças produzem os fonemas mais corretamente (3)(4)(5).Alguns estudos que serão expostos a seguir mostram a idade de aquisição de determinados fonemas bem como os erros que as crianças cometem durante ...