RESUMO Os efeitos devastadores da pandemia de coronavírus têm impactado muitas esferas da sociedade, impondo contextos de (sobre) vivência marcados pela banalização da vida. Em um cenário em que a esperança parece ser invisibilizada, torna-se premente a construção da crítica (GARCIA, 2019) na educação (linguística), que, nessa perspectiva, é um espaço de resistência. Nesse contexto, o objetivo deste artigo é debater as produções discentes resultantes de um projeto didático desenvolvido no segundo semestre de 2020 em uma disciplina de língua inglesa oferecida para alunos de graduação na Universidade Estadual de Campinas. O projeto parte de um conto de Margaret Atwood para suscitar reflexões sobre a estrutura narrativa e as temáticas postas em circulação, como feminismo e relações interpessoais. O trabalho se amparou na noção de letramentos literários (COSSON, 2020) como prática social, isto é, na literatura como um espaço de materialização discursiva de problemas, sensibilidades e histórias postas no mundo, almejando, assim, criar espaços de afeto (ROCHA, 2020) e sentimento (hooks, 2017) apesar dos distanciamentos vivenciados. A pedagogia dos multiletramentos (COPE; KALANTZIS, 2000) embasou a natureza teórico-metodológica das atividades, e as produções discentes são analisadas a partir de uma visão discursiva de língua/linguagem, também sob a ótica do letramento crítico (LUKE, 2014; MILLS, 2016; MONTE MOR, 2018). Sem intenção de romantizar um período tão doloroso, a expectativa é que as reflexões aqui compartilhadas possam inspirar os leitores a visibilizar esperança (no sentido freireano) que parece opaca em tempos sombrios.