A perspetiva dos alunos sobre a escrita constitui o eixo que percorre transversalmente este texto, a partir do contributo de estudos desenvolvidos em Portugal, desde a década de noventa até à atualidade. Nos primeiros três estudos considerados, essa perspetiva é captada no decurso do processo de escrita, focada na resolução de problemas por parte dos alunos, ao escreverem. As metodologias assentaram na escrita colaborativa e na integração, no processo, de estratégias facilitadoras da revisão. O segundo conjunto de estudos incide sobre as representações dos alunos em relação à escrita, considerando a pluralidade de contextos, géneros, recursos, saberes e atividades que implica. Metodologicamente, estes estudos mobilizaram textos explicitadores, questionários, entrevistas, diários, notas de campo. Os resultados mostram, em relação ao processo, uma progressão que torna salientes as limitações dos níveis de escolaridade mais baixos relativamente à reformulação e revisão. Quanto à relação com a escrita, surge em evidência o contraste entre a escrita escolar e extraescolar. As implicações remetem para a consideração didática das limitações encontradas e das potencialidades de dispositivos colaborativos e outros, facilitadores do processo, ao serviço de uma relação com a escrita que abranja a diversidade de géneros e motivações, em contextos escolares e extraescolares.
Palavras-chave: Escrita; Didática da escrita; Alunos; InvestigaçãoRevista Portuguesa de Educação, 31(2), pp. 132-152.