O contato entre lusofalantes e populações africanas multilíngues escravizadas na ilha de São Tomé, África Ocidental, a partir do final do século XV, implicou a emergência de uma nova língua: o protocrioulo do Golfo da Guiné (PGG). Posteriormente, o PGG deu origem ao santome, lung’Ie, angolar e fa d’Ambô. A partir da hipótese de que a formação do léxico do PGG teria motivação prosódica, investigamos se fatores como eurritmia associado ao peso silábico (GHINI, 1993) estariam envolvidos na formação de palavra prosódica mínima (VIGÁRIO, 2003). Levando em consideração a produtividade de alguns processos fonológicos que contribuíram para a configuração (em número de sílabas) do léxico do PGG, damos atenção especial ao processo de aglutinação de vogal (O pé (português) → *ɔpɛ “pé”). Tal processo consiste na interpretação de artigos definidos de étimo português como parte da raiz do item lexical seguinte, resultando numa nova palavra prosódica, constituída por duas ou três sílabas. Entretanto, nossos resultados mostram que o sistema fonológico e prosódico do PGG possibilitou a constituição de palavras tanto com mais quanto com menos sílabas do que no étimo português participante de sua formação. Assim, as hipóteses levantadas não se sustentam: a aglutinação de vogal inicial, por exemplo, realizou-se em poucos itens do PGG, caracterizando-se como processo marginal na língua. Contudo, é possível que exista uma restrição que evite verbos iniciados por vogais, o que parece dialogar com a restrição encontrada nas línguas edoides (que participaram da formação do PGG), de que palavras nominais sejam iniciadas por segmentos vocálicos.