Relação entre oferta de diagnóstico e tratamento da sífilis na atenção básica sobre a incidência de sífilis gestacional e congênita

Abstract

Resumo: O Brasil tem registrado aumento nas incidências de sífilis gestacional e congênita, revelando-se como um importante problema de saúde pública no país. O trabalho teve como objetivo analisar a relação entre as ofertas de diagnóstico e tratamento da sífilis na atenção básica e as incidências de sífilis gestacional e congênita. Foi realizado estudo ecológico analisando as incidências desses agravos e a cobertura de ações diagnósticas e terapêuticas na atenção básica. A amostra do estudo foi composta por municípios com população acima de 20.000 habitantes, com cobertura da atenção básica superior a 50% e nos quais a maioria das equipes foi avaliada no segundo ciclo do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica. Para analisar a efetividade das ações de detecção e tratamento foi desenvolvido o Índice de Variação da Transmissão Vertical de Sífilis. A administração da penicilina e a realização de teste rápido nesses municípios obtiveram medianas iguais a 41,9% e 67,14%, respectivamente, com diferenças regionais. A mediana da incidência de sífilis gestacional foi 6,24 (IIQ: 2,63-10,99) em municípios com maior oferta de teste rápido, e de 3,82 (IIQ: 0,00-8,21) naqueles com oferta inferior, apontando aumento na capacidade de detecção. Municípios com redução da transmissão vertical apresentavam maiores medianas dos percentuais de equipes com oferta dos testes rápidos (83,33%; IIQ: 50,00-100,00) e realização de penicilina (50,00%; IIQ: 11,10-87,50), demonstrando relação entre estas ações e a redução de sífilis congênita. Os achados indicam a necessidade de ampliação dessas ofertas e reforça a importância na redução da transmissão vertical.

Sífilis congênita como uma abordagem sistêmica

“…Portanto, a iniciativa tem como base a ampliação do diagnóstico, por meio do teste rápido, realizados pelas UBS, e a melhoria das ações de prevenção e tratamento dos parceiros sexuais das gestantes (SBARDELOTTO, 2017), (FIGUEIREDO, 2020).…”

Sífilis em gestantes: análise epidemiológica e espacial em um estado na Amazônia

“…Um estudo ecológico feito com dados nacionais evidencia que a falta de acesso ao tratamento de sífilis, sobretudo na atenção básica, ainda é um entrave na interrupção da cadeia de transmissão (Figueiredo, Figueiredo, Souza, Tavares, & Vianna, 2020). Correlacionado com Development, v. 9, n. 10, e2699108605, 2020 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i10.8605 os dados do Amapá, percebe-se que nem todas as gestantes com sífilis realizaram o tratamento com a Penicilina G benzatina, que é a única opção segura e eficaz de acordo com o Ministério da Saúde (Brasil, 2019b).…”

Sífilis Congênita: Análise Epidemiológica no Estado do Amapá, 2016 a 2018

“…Conforme for feito o diagnóstico, o Ministério da Saúde recomenda o uso da penicilina no tratamento da sífilis materna durante a gestação, e ainda considera como atribuições da atenção básica o tratamento de gestantes diagnosticadas com sífilis e de seus parceiros sexuais (Brasil, 2015). No entanto, em estudo realizado no sudeste do Brasil pode se observar que equipes de saúde em alguns municípios não realizavam a administração de penicilina, possivelmente pelo temor dos profissionais da ocorrência de anafilaxia e à limitação em recursos disponíveis para atender os eventos de maior gravidade, mesmo que já seja comprovadamente segura a administração na atenção básica e os baixos índices de reações adversas (Figueiredo, et al, 2020).…”