Este estudo teve como objetivo conhecer as expectativas de homens trans acerca de seus relacionamentos afetivo-sexuais após a transição de gênero. Participaram 15 homens trans, com idades entre 20 e 41 anos, em processo de hormonização. Foram realizadas entrevistas individuais guiadas por um roteiro semiestruturado, audiogravadas, transcritas e submetidas à análise temática reflexiva. Os participantes reconheceram que, possivelmente, terão possibilidades mais restritas de se engajarem em relacionamentos afetivo-sexuais após a transição de gênero, em decorrência da materialidade corpórea divergente da cisnormatividade. Outra fonte de desconforto presumida é o repúdio social, que alimenta a abjeção e sedimenta o imaginário da exotização e fetichização dos corpos transmasculinos, fixando-os em relações esporádicas. Conclui-se que a persistente fixação na genitália como referente sígnico determinante da sexualidade modula e regula a busca por parceira íntima. Essa perspectiva reforça a heteronormatividade como estratégia de reafirmação do gênero.