ResumoApesar de no Brasil a taxa de escolarização da população na faixa etária dos 7 aos 14 anos ultrapassar os 95%, grande parte dos alunos abrangidos pelo Ensino Fundamental apresentam defasagem idade-série. Segundo as estatísticas oficiais de 1999 (INEP/MEC), em média 44% daqueles alunos estavam acima da idade adequada para a série. Na atualidade, as grandes causas da existência da defasagem idade-série são a repetência e evasão com posterior reingresso, fenômenos esses correlacionados. Os malefícios individuais e coletivos da repetência têm sido apontados na literatura, bem como as possíveis soluções. Estas são discutidas desde os finais da década de 50 e centram-se, fundamentalmente, sobre a adoção de políticas de não-repetência. Apesar disso, só nos anos 80 surgem propostas consistentes para a sua implementação, sob a forma de organização do ensino em ciclos, fases ou etapas, também designadas por progressão continuada ou ainda promoção automática. Qualquer que seja a medida implementada para a correção da defasagem idade-série, ela deve preservar a qualidade da educação provida à população. Este trabalho tem como propósito investigar a existência de diferenças no desempenho escolar dos alunos sujeitos às políticas de não-repetência. Na região Sudeste, a promoção automática encontra-se mais fortemente disseminada nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Assim, aplicaram-se modelos de regressão multinível aos dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica -SAEB (algumas das variáveis são provenientes do Censo Educacional) referentes a toda a região e aos referidos estados individualmente (alunos da 4ª série). Considerou-se um modelo de dois níveis, onde "aluno" é a unidade do nível 1 e "escola" é a unidade do nível 2. A variável resposta é a proficiência e as variáveis explicativas de principal interesse são a defasagem escolar e o regime de organização do ensino. Os resultados dos modelos sugerem * Os autores agradecem ao INEP pela disponibilização dos dados e aos professores Maria Lígia Barbosa, Ruben Klein e Creso Franco pelos valiosos comentários à versão preliminar deste artigo. Educacional, n. 26, jul-dez/2002 48 que, no que diz respeito às escolas públicas, a existência do efeito substancialmente depreciativo da qualidade da educação atribuível às políticas de não-repetência não foi encontrado. Palavras-chave: avaliação educacional, política de não-repetência, defasagem idade-série, modelo multinível.
Estudos em Avaliação
ResumenEn Brasil, la tasa de escolarización de la población en la edad de 7 a 14 años ultrapasa el 95%. Asímismo, gran parte de los estudiantes abarcados por la Enseñanza Fundamental presenta desfase edad-curso. Según las estadísticas oficiales de 1999 (INEP/MEC), un promedio de 44% de estos estudiantes tenía más edad de la adecuada para su curso. En la actualidad, las grandes causas de la existencia del desfase edad-curso son la reprobación y evasión con posterior re-ingreso. Estos fenómenos se correlacionan. Los maleficios individuales y colectivos de la reprobación...