Representação de classe do empresariado financeiro na América Latina: a rede transassociativa no ano 2006

Abstract

O trabalho analisa a estrutura de representação de classe do empresariado financeiro na América Latina com o objetivo de identificar as conexões que se estabelecem entre as associações de bancos a partir da presença comum de conglomerados ou grupos financeiros que atuam, simultaneamente, na diretoria de várias entidades, em diferentes países, tomando como referência o ano de 2006. Trabalha-se com a hipótese da formação de redes transassociativas, adotando-se a metodologia de Análise de Redes Sociais; parte dos resultados foi comparada com dados disponíveis para o ano de 2000. Entre outros aspectos, constatou-se: a) um número elevado de conexões entre as associações; b) a centralidade na rede de dez conglomerados ou grupos financeiros que atuam em associações de bancos em três ou mais países e c) as associações que apresentam maior grau de conexão estão localizadas na Argentina, Chile, Brasil, Costa Rica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai e Peru. Concluiu-se que grande parte da estrutura de representação de classe do empresariado financeiro na América Latina encontra-se transnacionalizada, reforçando nossa hipótese. Discute-se o alcance e o significado dessa rede à luz da literatura internacional, destacando-se, entre outros aspectos, o potencial de intercâmbio de informação, a possibilidade de articular e coordenar posicionamentos e ações corporativas e políticas, a vinculação com outras instâncias de organização e defesa dos interesses de classe do setor financeiro.

Burguesia industrial e inovação nas práticas de classe

“…Não menos importante, são as análises que resultam de pesquisas que se utilizam de determinados conceitos desenvolvidos nas ciências sociais para a investigação da ação coletiva de diferentes frações da burguesia, muitas vezes em conjunturas e relações específicas (com uma determinada instância de decisão estatal, por exemplo). Redes transassociativas (Minella, 2007), grupos Cadoná. Burguesia industrial e inovação nas práticas de classe: a atuação política da FIERGS na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul de interesses e lobbying empresarial (Mancuso, 2003;Santos et. al., 2021), por exemplo, são alguns desses conceitos utilizados nas últimas décadas.…”

“…O conceito de redes transassociativas foi cunhado por Ary Minella em seus estudos sobre a importância das redes sociais na organização e na atuação política do empresariado financeiro na América Latina, em especial no Brasil (Minella, 2007). Motivado pela possibilidade de uso da metodologia de análise de redes sociais em suas pesquisas sobre a estrutura de representação de classe do empresariado financeiro, Minella investigou a presença de instituições financeiras estrangeiras na composição das diretorias de 19 associações de bancos em treze países latino-americanos, num total de 212 cargos de direção nessas instituições de representação de classe do setor financeiro (Minella, 2007, p. 32).…”

Estado e capital fictício: o Novo Regime Fiscal no Brasil

“…Uma crítica que frequentemente surge é a respeito da inflada ênfase que alguns marxistas concedem à esfera financeira (e, consequentemente, à circulação de capital), em detrimento da esfera de produção. Contra tal argumento, Chesnais (1996) Sabadini (2011), Paraná (2016 (MINELLA, 2007). Esse processo é reflexo do poder político da fração bancário-financeira e sua adesão à nova síntese neoclássica 11 (PINTO; TEIXEIRA, 2012) (POULANTZAS, 1980).…”

Politicising financial foreign policy: an analysis of Brazilian foreign policy formulation for the financial sector (2003- 2015)

“…Arguably the financial sector veto power was one of the reasons for the current economic crisis during Dilma Rousseff 's government (Singer 2015). Hence the relationship between the government and financial institutions means that one party depends on the other and does not want to upset it (Minella 2007). The possibility to opt-out results in structural power for private agents, which is then used to put pressure on the government to meet their interests.…”