Resolução anafórica em português europeu L2: efeitos de animacidade e a posição do antecedente

Abstract

This study investigates the interpretation of subject pronouns in L2 EP by Italian native speakers, to examine the following questions: In overt subject resolution, do L1 Italian - L2 European Portuguese learners behave like L1 EP speakers regarding antecedent animacy (a property at the syntax-semantics interface) at L2 developmental stages and at the near-native level?; When the antecedent in object position is animate, do L1 Italian - L2 EP learners exhibit permanent optionality in the interpretation of overt subject pronouns but not of null subjects, as claimed by Sorace (2016), a.o.? Participants were 15 adult EP native speakers, 10 intermediate, 10 advanced and 10 near-native Italian adult learners of L2 EP. They were administered two multiple-choice tasks (speeded and untimed) with a 2x2 design crossing the following variables: animacy of the matrix object (animate vs. inanimate) and type of embedded pronominal subject (overt vs. null). Results indicate that L2 learners show problems only in the areas where the L1 and the L2 differ (Madeira, Fiéis & Teixeira, this volume), namely: the resolution of overt subjects in the presence of [-animate] object antecedent and the resolution of null subjects. Learners’ performance in these areas remains unstable even at the near-native level. These findings challenge the ideas that internal interfaces (syntax/semantics) are not persistently problematic and that null subjects are unproblematic in L2 anaphora resolution (cf. Sorace, 2011, 2016). They moreover point to the importance of L1 influence in L2 anaphora resolution, a factor generally played down in previous studies (e.g., Sorace, 2016).

Aquisição e desenvolvimento linguísticos: investigação e aplicações – sintaxe de português europeu L2

“…Lobo, Madeira & Silva, 2017;López, 2018;Cardoso, 2021), quer interferindo no processo de aquisição, atrasando-o (cf. Miletic, 2008;Godinho 2010;Bento, 2013;Santos & Flores, 2013;Zheng, 2013;Wang, 2016;Gao, 2021;Teixeira, Fiéis & Madeira, 2021) Zheng (2019), que recorrem a tarefas de leitura automonitorizada; Teixeira, Fiéis & Madeira (2021), que utilizam uma tarefa de escolha múltipla com pressão de tempo; e de Espírito Santo (2022), que usa tarefas de juízos de aceitabilidade com leitura automonitorizada.…”

“…Há também propriedades que são mais difíceis de adquirir do que outras: ao nível da sintaxe (e.g., clíticos, infinitivo flexionado e concordância de género) e das interfaces (nomeadamente, léxico-sintaxe, sintaxe-semântica, sintaxe-discurso) (e.g., Santos & Flores, 2013;Zheng, 2013;Madeira, 2018;Cardoso, 2021;Teixeira, Fiéis & Madeira, 2021;Espírito Santo, 2022).…”

“…Por outro lado, outras propriedades, em particular aquelas que estão na interface entre a sintaxe e o discurso (e.g., a interpretação de sujeitos pronominais plenos), são em geral mais problemáticas, confirmando as predições da Hipótese de Interface, segundo a qual as propriedades que se situam na interface entre a sintaxe e outros domínios cognitivos estão sujeitas a opcionalidade permanente. Ao contrário do que é predito por esta hipótese, porém, nem todas as propriedades na interface sintaxe-discurso são difíceisa interpretação de sujeitos pronominais nulos não parece suscitar dificuldades para muitos aprendentes (e.g., Lobo, Madeira & Silva, 2017; mas veja-se também Teixeira, Fiéis & Madeira, 2021). Por outro lado, algumas propriedades de interfaces internas (por exemplo, sintaxe-semântica) são persistentemente problemáticaspor exemplo, o efeito da animacidade na interpretação de sujeitos pronominais (Teixeira, Fiéis & Madeira, 2021) e certas propriedades interpretativas do infinitivo flexionado (Madeira, 2018).…”

“…Ao contrário do que é predito por esta hipótese, porém, nem todas as propriedades na interface sintaxe-discurso são difíceisa interpretação de sujeitos pronominais nulos não parece suscitar dificuldades para muitos aprendentes (e.g., Lobo, Madeira & Silva, 2017; mas veja-se também Teixeira, Fiéis & Madeira, 2021). Por outro lado, algumas propriedades de interfaces internas (por exemplo, sintaxe-semântica) são persistentemente problemáticaspor exemplo, o efeito da animacidade na interpretação de sujeitos pronominais (Teixeira, Fiéis & Madeira, 2021) e certas propriedades interpretativas do infinitivo flexionado (Madeira, 2018).…”

“…Há ainda poucos trabalhos sobre o PE que investiguem as gramáticas quase-nativas, mas os estudos existentes parecem indicar que as dificuldades observadas em (certos grupos de) aprendentes de PE L2 no que diz respeito à aquisição de determinados fenómenos gramaticais poderão persistir no estádio final (e.g., Teixeira, Fiéis & Madeira, 2021). Estes resultados levantam questões que se prendem quer com as assimetrias observadas entre grupos de aprendentes, quer com as diferenças que se verificam entre não nativos e nativos.…”