“…Foi assim que, comentando os acontecimentos de Pernambuco de 1817, o influente publicista Hipólito José da Costa, que editava o Correio Braziliense em Londres, de início defenderia o movimento, tomando-o em um sentido tradicional, supostamente indicativo de necessidades de reforma que o Império português vinha demonstrando desde tempos, fruto da incapacidade de seus principais estadistas em perceber uma situação que, segundo ele, conhecia paralelo nas "revoluções" ainda em curso na América espanhola. Porém, uma vez estabelecido um debate a esse respeito entre o Correio Braziliense e outro importante jornal, o Correo del Orinoco, porta-voz das lutas republicanas na Venezuela, Hipólito da Costa -que, afinal, não era republicano, mas monarquista -se veria na necessidade de mudar parcial e significativamente sua posição original (FERNANDES, 2010 de "Revolução da América" ou "Revolução de Caracas", passaria a advogar "o absurdo de quem supõe que as revoluções são o meio de melhorar a nação", sendo a pernambucana "obra do momento, parto da inconsideração, e nunca sustentada por plano combinado", levada a cabo por "demagogos", que "produzirá contudo um efeito benéfico; [o de] demonstrar ao povo do Brasil que as reformas nunca se devem procurar por meios injustos, quais são os da oposição de força ao Governo, e efusão de sangue" (CORREIO…, 1817, p. 105). A tradicional polissemia do conceito, apontada anteriormente, não poderia ser mais claramente operativa: não queremos uma revolução e uma revolução será se se mudarem as bases de todo o edifício administrativo e social da monarquia; e uma revolução tal e repentina não se pode fazer sem convulsões desastrosas, e é por isso que não a desejamos.…”