Agradecimentos: Ao povo Kamaiurá, que possibilitou a realização do presente estudo. Aos agentes indígenas de saúde e auxiliares de enfermagem indígenas pela participação no trabalho de campo. Nota: Este artigo foi produzido no contexto da cooperação UNESCO/Universidade Federal de São Paulo, Processo 914 BRA 3002 VIGISUS. As opiniões aqui expressas são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a visão da UNESCO sobre o assunto.
ResumoEste estudo teve por objetivo avaliar o estado nutricional, incluindo a prevalência de anemia, de crianças Kamaiurá, povo indíge-na do Alto Xingu, Brasil Central. Foram estudadas 112 crianças menores de dez anos de idade em 2000/2001. O perfil do crescimento infantil foi descrito segundo a distribuição dos índices altura/idade e peso/altura expressos em escore-z da população de referência do National Center of Health Statistics -NCHS. Os diagnósticos de déficit de altura e da relação peso/altura e o diagnóstico de obesidade corresponderam, respectivamente, aos valores abaixo de -2 escores-z de altura/idade e peso/altura e aos valores acima de 2 escores-z de peso/altura. O diagnóstico de anemia foi determinado a partir de concentrações de hemoglobina sérica inferiores a 11 g/dl para crianças entre seis meses e cinco anos de idade e inferiores a 11,5 g/dl para as crianças com idade entre cinco e dez anos incompletos, conforme recomendação da OMS. Aproximadamente um terço das crianças apresentou déficit de crescimento, enquanto déficit de peso/altura e obesidade não foram diagnosticados entre elas. A anemia esteve presente em mais da metade das crianças índias estudadas, 15% delas apresentando anemia grave. Há necessidade de implementação de ações que visem a melhoria das condições socioambientais, de saúde e nutrição desse povo indígena.