Segregação Racial em São Paulo: Residências, Redes Pessoais e Trajetórias Urbanas de Negros e Brancos no Século XXI

Abstract

Dizem que a atividade acadêmica é uma prática solitária. Tenho dúvidas a respeito disso. O processo de pesquisa e redação desta tese, por exemplo, processo de anos, contou com a colaboração de muitas pessoas e instituições que, se não contribuíram diretamente para esta pesquisa, ajudaram muito seu autor a seguir em frente com ela. Tentarei, agora, mencionar todos aqueles que me ajudaram tanto, certo de que, infelizmente, poderei cometer injustiças ao deixar alguém de fora. Agradeço à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp, processo 2013/23930-3) e ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) que concederam as bolsas que financiaram a realização desta pesquisa e o sustento material deste pesquisador. Agradeço muito minha orientadora e comparsa Márcia Lima, com quem tenho o privilégio de contar desde o mestrado. Márcia acreditou em mim e em minha pesquisa desde o começo, incentivou-me continuamente e esteve sempre disponível e generosa para boas conversas e orientações. Márcia coordena, no âmbito do Departamento de Sociologia da USP, o grupo de estudos Raça, Desigualdade e Política. Este grupo é um agradável e enriquecedor espaço de trocas no qual pude apresentar meus textos e receber os mais diversos comentários, que contribuíram para o aperfeiçoamento desta tese. Dentre os membros deste grupo, cito, em especial, as contribuições de

Cultura e política: o antirracismo na literatura periférica

“…A partir desse momento, surge também um projeto literário que se evidencia não apenas pelos manifestos de abertura das edições, pelas opções estéticas fortemente ligadas ao movimento hip hop e pela temática dos textos, mas também pela escolha dos autores a serem publicados, onde se verifica mesmo a reivindicação de uma trajetória histórica a partir de autores como Lima (2016) e o livro infanto-juvenil Zumbi assombra quem? (2017).…”

“…Principalmente a partir do fim da década de 70, com as contribuições de Hasenbalg, a tendência do uso da estatística se intensifica e mostra o racismo como um fator central de produção de desigualdade e pobreza para a população negra. Mais recentemente, França (2017), ao estudar a distribuição racial de São Paulo chegou à conclusão de que há segregação racial na cidade, apesar de haverem negros e brancos nas periferias. Em resumo, as áreas periféricas da cidade contêm uma sobrerrepresentação da população negra, enquanto as áreas mais centrais possuem uma sobrerrepresentação da presença branca.…”

“…A seguir farei uma análise mais detalhada dos dois fatores que mais marcadamente se revelaram nas entrevistas, a questão de gênero e de procedência ou ascendência regional. A falta de representatividade das mulheres nas publicações e espaços de literatura periférica foi tema da dissertação de mestrado da pesquisadora Jessica Balbino (2016), na qual ela demonstrou uma exagerada sub representação de mulheres nas publicações de literatura periférica. Não apenas isso, há registro de situações recorrentes de machismo nos saraus (Balbino, 2016;Tennina, 2017).…”

“…Balbino (2016), inclusive, constata que a partir de 2012 há um considerável incremento de publicações de mulheres. Por essa mobilização coletiva, há também um importante encontro com a questão antirracista, como conta Jenyffer Nascimento:…”

“…Como relata Balbino (2016), de fato, as publicações de coletâneas exclusivas foram essenciais para a ampliação de participação de mulheres nas publicações, sendo que a maioria delas foram organizadas por e para mulheres negras. Esses volumes, como apresenta a pesquisa de Balbino, representaram não apenas um divisor de águas para as mulheres que participaram se afirmarem enquanto poetas periféricas, mas também enquanto escritoras negras.…”