Resumo: Este estudo se insere na Neurolinguística discursivo-enunciativa e pretende apresentar o potencial comunicativo de interações fictivas em estruturas sintaticamente reduzidas, produzidas por dois sujeitos afásicos com agramatismo. Os dados apresentados são estruturados em forma de tópico-comentário e são não-finitos. O conceito de interação fictiva (fictive interaction) foi elaborado por Pascual em 2002 e desde então a autora e colegas vêm trabalhando com o fenômeno no sentido em que são trazidas vozes ao discurso que não correspondem necessariamente a discursos diretos reportados. Nos dados examinados aqui, interações fictivas apresentam um formato peculiar: na fala de OJ, percebe-se predominância de pares de pergunta e resposta, já na fala de MS há maior recorrência de discursos diretos enquadrados numa encenação que demonstra o seu querer-dizer.Palavras-chave: interações fictivas; agramatismo; fala reduzida; tópico-comentário; não-finitude.
Fictive Interactions as a Communicative Strategy in Speakers with Agrammatis m: a Case StudyAbstract: This study is grounded in Enunciative-Discursive Neurolinguistics and intends to present the communicative potential of fictive interactions in syntactically reduced structures produced by two aphasic individuals with agrammatism. The data presented here are syntactically structured in the form of a topic-comment sentence and are non-finite. Pascual elaborated the concept of fictive interaction in 2002; since then, the author and colleagues have been working on the phenomenon in the sense that voices are brought into discourse and do not necessarily correspond to direct reported speech. In the data examined here, fictive interactions have a peculiar format: in OJ's speech, a predominance of question and answer pairs can be observed, while in MS' speech there is a greater recurrence of direct discourse framed in a scenario that demonstrates what he wishes to say.Keywords: fictive interactions; agrammatism; reduced speech; topic-comment structure; nonfiniteness.
Interações fictivasEstudos sobre fictividade desenvolvidos na Linguística Cognitiva (TALMY, 2000 apud PASCUAL 2006b LANGACKER 1991, 1999 apud PASCUAL 2006b apontam que certas expressões linguísticas são apenas indiretamente relacionadas a seus referentes e que uma cena não real é comumente apresentada por falantes como um meio de acessar mentalmente a cena real. Já o conceito de interação fictiva (fictive interaction) foi elaborado por Pascual em 2002 e, desde então, a autora e colegas vêm