Embora se saiba das múltiplas inserções intelectuais, políticas e em movimentos sociais da Lélia González, articulando sempre lutas mais amplas da sociedade brasileira com a demanda da população negra e, em especial, das mulheres negras, ter conhecimento da sua importância para jovens jornalistas negras, aguçaram a curiosidade das autoras deste artigo, o que fez emergir algumas questões norteadoras de pesquisa: Como podem ser cartografados lugares de memória da Lélia González? O que revela essa cartografia? Quais lugares de memória afluem como entroncamentos de maior sentido e visibilidade dentro dessa cartografia? Para responder a essas perguntas, o presente artigo se estrutura em três grandes seções. A primeira se refere ao embasamento teórico-metodológico do trabalho de campo no referido evento e, também, no círculo profissional/militante e familiar da pensadora-ativista. Essa seção se volta, ainda, a relatar as estratégias de obtenção, sistematização, descrição e análise dos dados empíricos. Na segunda seção, apresenta-se o levantamento bibliográfico e documental sobre a pensadora, trazendo à tona sua face mais referenciada entre o grupo estudado. Na seção três do artigo, a triangulação de resultados é elaborada, evidenciando-se os sentidos de existência da Lélia González, instaurados via sua apropriação afetiva, cognitiva e prática, além de instaurados na luta por mantê-la viva. Os conceitos de vigilância comemorativa, lugares de memória e de combate ao trabalho do esquecimento de Pierre Nora (1993), foram inspiradores a essas reflexões.